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A agonia do Mundo Rural

Ter, 21/11/2006 - 12:05


Com o Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) quase à porta, sucedem-se as conferências e colóquios sobre mil e uma maneiras de aproveitar os fundos comunitários.

Um dos últimos decorreu em Bragança, pela mão da Associação para o Desenvolvimento dos Concelhos da Raia Nordestina, vulgarmente conhecida por CoraNE.
Este teve a particularidade de se dirigir ao Mundo Rural e, numa altura em que a vigência do III Quadro Comunitário de Apoio (QCA) está quase a terminar, vale a pena tomar o pulso às aldeias que vão resistindo no Nordeste Transmontano.
Passaram 20 anos de subsídios comunitários, investiu-se no embelezamento de largos, na recuperação de fontes, em museus rurais e na criação de centros de convívio. Recuperaram-se forjas, criaram-se centros e núcleos rurais, introduziu-se toponímia/sinalética a preceito e é inevitável perguntar pelo retorno da aplicação destes largos milhares de euros.
O movimento de visitantes intensificou-se nas aldeias contempladas com estes restauros? O património restaurado faz parte dos roteiros turísticos? Nasceram pequenas unidades produtivas (de artesanat, por exemplo) nas localidades abrangidas pelos núcleos e centro rurais? Ou os fundos comunitários esgotaram-se em meras operações de cosmética, que apenas serviram para aumentar a auto estima das populações e organizar festarolas com as entidades locais, a pretexto das inaugurações?
De facto, há fortes razões para acreditar que o retorno não é proporcional aos investimentos, até porque não são projectos avulsos que conseguirão salvar o Mundo Rural da agonia em que se encontra.
Podem-se canalizar mais milhares de euros para embelezar as freguesias que, se não houver capacidade para fixar e atrair jovens para a actividade agrícola, o futuro não será risonho, nem que as unidades de turismo rural continuem a florescer.
Para dar alguns exemplos do que poderão ser tábuas de salvação, vale a pena piscar o olho a três projectos recentemente anunciados e implementados na região. Em Vinhais a CACOVIN, em Mirandela o pólo tecnológico na área agro-alimentar e no Douro Superior a obrigatoriedade dos produtores só poderem escoar a amêndoa através das respectivas cooperativas. Venham mais três medidas desta craveira, de preferência com o apoio do QREN, que a luz começará a surgir ao fundo do túnel.