class="html not-front not-logged-in one-sidebar sidebar-second page-node page-node- page-node-164933 node-type-noticia">

            

Centenas de quilómetros para salvar vidas

Ter, 21/11/2006 - 09:53


São oito da manhã. Maria Luís Rodrigues e Albino Soares, coordenadora médica e coordenador de enfermagem da Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Bragança, verificam a operacionalidade desta “urgência ambulante” para partir para qualquer ponto do distrito.

É o início de mais um turno da equipa do INEM na manhã da passada sexta-feira.
Durante seis horas, os profissionais de saúde aguardaram, com alguma expectativa, uma chamada do Centro de Orientação de Doentes Urgentes (CODU), mas a entrada no fim-de-semana acabou por se revelar calma, não havendo qualquer registo de emergência.
Se o CODU accionar a VMER, não há tempo a perder. Durante a viagem, médico e enfermeiro decidem qual o material que precisam de retirar do carro, de acordo com as informações colhidas via telefone.
“O monitor desfibrilhador, a mala médica e a bala de oxigénio são sagrados. Em caso de acidentes de viação ou de trabalho levamos também o saco de trauma. Se recebermos a informação que a vítima tem problemas do foro respiratório, o saco da via aérea é indispensável”, explicou Albino Soares.
Apesar do inúmero material que é transportado na viatura, o enfermeiro realça que os profissionais sabem onde está o equipamento de olhos fechados, o que lhes permite serem rápidos em todas as operações.

VMER percorre centenas de quilómetros para poder salvar vidas nos 12 concelhos do distrito

E como um minuto pode salvar uma vida, a VMER desloca-se a altas velocidades até ao local onde se encontram os doentes.
“A segurança está em primeiro plano. Mas, fazemos tudo o que podemos para salvar uma vida”, sublinha Maria Luís.
Dado que existe, apenas, uma VMER a operar em todo o distrito de Bragança (com uma área de cerca de 6 599 quilómetros quadrados), as equipas do INEM chegam a percorrer mais de 100 quilómetros para prestar socorro.
As estradas são o principal obstáculo aos profissionais de saúde. Buracos, desníveis no pavimento, curvas e contra-curvas são alguns dos entraves que têm que ser ultrapassados pela tripulação da VMER, numa verdadeira corrida contra o tempo.
Apesar de terem que actuar nos ambientes mais hostis, desde compartimentos pequenos a descampados e nas mais diversas condições atmosféricas, os profissionais fazem tudo o que podem para salvar as vítimas.
“Nós compreendemos a dor das famílias quando perdem um ente querido, mas a nós também nos custa não podermos fazer nada para evitar a morte. Mas, às vezes, já não há nada a fazer”, lamenta Maria Luís.
Albino Soares partilha desta opinião, acrescentando que, quando tudo acaba bem, a equipa regressa à base cheia de alegria. Mas, quando morre alguém, a tristeza, a frustração e o silêncio são dominantes.
“Para estar aqui é preciso ter uma grande dedicação às pessoas. Nós deixamos de gozar as nossas folgas e as nossas férias para que a VMER de Bragança possa estar operacional o maior número de horas possível”, conclui Maria Luís.