Ter, 12/09/2006 - 17:16
Há motivos de sobra mas festejar, mas falar do Douro é falar de Património Mundial da Humanidade e numa classificação que tem levado a UNESCO a “puxar as orelhas” ao Estado Português.
Este fim-de-semana, o Presidente da República, Cavaco Silva, visitou a região duriense e oxalá não tenha visto um dos motivos que em nada contribui para segurar a classificação. De facto, não é difícil encontrar lixo de variado tipo em algumas das encostas durienses, construções pouco condizentes com a paisagem e centenas de hectares de “mortórios”, nome emprestado aos terrenos de vinha dizimados pela última praga de filoxera. Soluções precisam-se, porque tendendo à conjuntura actual do sector, não será fácil voltar a produzir em tamanha área de terrenos abandonados.
Isso mesmo ficou demonstrado durante a recente visita ao Douro da comissária europeia da Agricultura, Mariann Fischer-Boel, no âmbito de um debate público sobre a reforma do sector do vinho.
Recorde-se que, no passado dia 22 de Junho, a Comissão Europeia apresentou um projecto inicial que prevê a destruição de 400 mil hectares de vinha na União Europeia e a diminuição das ajudas ao sector, sob o argumento da necessidade de se produzir “menos e melhor vinho”.
Para sustentar esta medida, Mariann Fischer-Boel lembrou que, todos os anos, ficam por consumir cerca de 100 milhões de garrafas de vinho na Europa.
Ora, é fácil de concluir que a redução da produção vitivinícola passará pelo arranque de vinha, operação que, garante a comissária, terá um carácter voluntário.
Da parte do Governo português, o ministro da Agricultura, Jaime Silva, admite que “esta poderá ser uma oportunidade para arrancar algumas vinhas com menor qualidade que nunca poderão ser competitivas”, classificando as medidas anunciadas como “uma forma de Portugal combater os excedentes”. Ou seja, é uma questão de tempo para vermos a região duriense ficar sem algumas dezenas de hectares de vinha.