Ter, 29/08/2006 - 15:13
Esta informação é avançada pelo próprio director regional de Agricultura de Trás-os-Montes, Carlos Guerra. Na óptica do responsável a região vai perder milhares de euros, visto que, no ano passado, as associações não apresentaram despesas suficientes para reclamarem o valor total dos subsídios a que se candidataram.
Segundo Carlos Guerra, os apoios concedidos pelo Ministério da Agricultura e pela União Europeia são suficientes para as associações ligadas às raças autóctones realizarem o seu trabalho, apoiando os agricultores.
Esta situação repete-se com as associações que integram a área Entre Douro e Minho, que também não conseguem apresentar despesas suficientes para levantarem os montantes a que se candidataram.
De acordo com dados da Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes (DRATM), as 28 associações que integram as regiões transmontana e Entre Douro e Minho candidataram-se a um total de 4 288 028, 57 euros.
No entanto, o Jornal NORDESTE sabe que há organizações que vão “desaproveitar” montantes na ordem dos 60 mil euros.
Associações criticam medida Agris
As associações, contudo, têm uma visão diferente desta situação. Segundo o secretário técnico da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa (ACBRM), Fernando Sousa, esta entidade efectuou uma candidatura no valor de 126 mil euros, tendo apresentado despesas no valor de 120 400 euros, das quais têm que suportar 24 mil euros, o que representa uma diferença na ordem dos 15 por cento.
Estes valores contrariam os dados da DRATM, que dão conta de uma candidatura no valor de 155 398 euros.
Confrontado com os números da DRATM, Fernando Sousa acrescenta que as candidaturas são elaboradas com base numa previsão do número de animais que irão nascer, para serem registados no livro genealógico.
Já o secretário técnico da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino, Miguel Nóvoa, afirma que a medida Agris é muito limitativa.
O responsável realça que os burros são um animal que tem características reprodutivas muito inferiores a outros animais, pelo que não conseguem um número de inscrições suficientes para levantar o valor total a que se candidataram.
Por outro lado, Miguel Nóvoa frisa que as despesas são superiores aos apoios, que não conseguem levantar na totalidade devido ao reduzido número de inscrições de animais efectuadas pela associação. Ou seja, o crescimento do efectivo não consegue absorver as verbas disponibilizadas pelo Agris.
Mirandesa denuncia
atrasos nos pagamentos
“Neste momento, temos 900 fêmeas inscritas. Mas para ir buscar o dinheiro temos que executar o plano na totalidade”, sublinhou o responsável.
O secretário técnico da ACBRM, por seu turno, afirma, ainda, que as associações transmontanas têm mais despesas para efectuarem o seu trabalho do que as associações de outras regiões do País, visto que a região é muito dispersa.
O responsável acusa, ainda, a DRATM do atraso no pagamento dos subsídios. “Nós recebemos, apenas, duas prestações relativamente aos apoios do ano passado. Estão oito meses atrasados e nós andamos aflitos de dinheiro”, acrescentou Fernando Sousa.
Segundo Fernando Sousa, o Agris não disponibiliza valores superiores aos apresentados nas candidaturas, pelo que as associações tendem a fazer uma estimativa tendo, em conta os valores máximos que poderão gastar.