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Rui Vilarinho em balanço

Ter, 08/08/2006 - 15:42


Depois de uma carreira bem sucedida como atleta, o técnico do Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros, Rui Vilarinho, está a abrir as portas do sucesso no mundo do futebol.

O treinador prova que não faz nada ao acaso e que os sucessos obtidos são fruto de uma programação cuidada e completa do seu plantel, estudo dos adversários e do perfil dos atletas, nos campeonatos distritais. O resultado deste trabalho foi a conquista de uma dobradinha (Campeonato e Taça), sem derrotas, ultrapassando a fasquia dos 100 golos.
A par destas vitórias, Rui Vilarinho construiu um plantel que dá garantias de sucesso num campeonato tão exigente como a 3ª divisão nacional. Resultados e trabalhos que o técnico macedense desvenda numa entrevista em exclusivo.

Jornal Nordeste (J.N.) – Como se explica uma época fabulosa como esta do Clube Atlético de Macedo de Cavaleiros?
Rui Vilarinho (R.V.) – É o resultado de trabalho diário honesto. Construir um plantel equilibrado com atletas da terra íntegros, de grande qualidade, com muita personalidade, competentes e que sabem dar tudo em campo porque sentem a camisola que envergam com grande dignidade. São jogadores que se empenharam em todos os jogos. Desde os que jogavam, aos que estavam no banco e aos que não eram convocados. Formaram um núcleo tão forte que ninguém consegue penetrar nele. São tão amigos, unidos e solidários para que quem esteja fora do círculo deles consiga entrar. Esta atitude tem aspectos positivos muito grandes em termos de desporto e competição.
Se isto é fórmula secreta, então o Clube Atlético tem uma fórmula secreta. E deve-se ao facto de eu ter 20 atletas de muita qualidade. Existiam jogos em que eu tinha grande dificuldade em formar o 11 e, às vezes, se calhar era injusto, mas isso acontece muitas vezes quando se tem a responsabilidade de procurar o 11 ideal para cada jogo.

J.N. – Esta época conseguiu algo que não é fácil. Como explicá-la?
R.V. – É uma realidade, foi uma época fabulosa, maravilhosa e não é todos os anos que se consegue este feito. Eu já o alcancei, noutras épocas, enquanto atleta, a dar o meu melhor dentro das quatro linhas.
Recordo-me de duas épocas em que ultrapassámos em muito os 100 golos, mas, com uma diferença, tínhamos alguns jogadores profissionais na equipa e agora não tínhamos. Este grupo de trabalho, unido, humilde e trabalhador, tinha como objectivo ganhar o campeonato e vencer a taça. Queriam fazer o melhor possível e quando o intuito de todos é o mesmo, unem-se esforços, convergem-se energias e atingem-se os objectivos.

J.N. – Quais os objectivos e ambições para a próxima época, uma vez que esta que findou deixou os níveis muito elevados?

R.V. – Os objectivos para a próxima época são a manutenção, porque o primeiro ano numa competição é sempre um primeiro ano. É preciso criar estruturas e mentalidade na equipa, ver o que a direcção quer e, mais importante, o que nos pode oferecer para atingir objectivos maiores que a manutenção.
A ambição é a mesma de sempre: construir uma equipa forte, sólida, unida, uma equipa à imagem da desta época que findou, com espírito ganhador, objectiva, que faça boas exibições praticando um bom futebol e que ganhe todos os jogos.
Nós sempre que entrarmos em campo é para ganhar, para perder não iniciávamos a partida.
É esta a minha maneira de pensar e é esta a maneira de pensar que têm que ter os meus jogadores.

J.N. – O plantel actual dá-lhe garantias ou vai haver muitas dispensas e contratações? Quem vai sair e quem vai entrar?

R.V. – A exigência da competição em si é maior que a da época passada. Também sabemos que temos que melhorar o plantel em relação ao ano passado e os jogadores que faziam parte desse grupo tinham essa noção. .
Há atletas que não vou poder contar com eles e foram os primeiros a saber dessas decisões. Eles merecem tudo de bom, foram grandes homens e nós temos de ser frontais e amigos deles. Contudo, agora o ser directo e transparente não implica que tenham que fazer parte do plantel para a próxima época.
Ficamos com todos os que nos dão garantias da qualidade necessária para a próxima época numa competição muito mais exigente e ocupamos as saídas com atletas de talento aqui da zona que nos dão toda a segurança.

J.N. – Uma época que não vai ter o derby com o Bragança e pode, também, não ter o do Mirandela!

R.V. – E ainda bem que não tem, porque significa que o Bragança disputa um campeonato melhor. E, também, se não houver o derby com o Mirandela é bom sinal, porque é a prova que o Mirandela viu feita justiça à sua qualidade.
Claro que são jogos que toda a gente deseja, pois são especiais, galvanizam os jogadores, têm outro sabor para um técnico e ajudam as finanças dos clubes. Mas tenho pena que não hajam esses dois jogos porque são tão bonitos e recheados com tanta qualidade, mas se há equipa que merece militar na 2ª divisão B, é o Mirandela. Eu conheço a sua estrutura, dinâmica e é uma equipa credível e merece estar aí por aquilo que fez, pelo que tem feito nos últimos anos e para que seja exemplo para outras equipas seguirem.

J.N. – O Bragança já lá está, seria bom que o Mirandela também fosse para lá e, na próxima época, subissem Macedo e Moncorvo para três derbies transmontanos.

R.V. – Isso seria excelente. Era o que todos nós queríamos, pelo que significaria para o desporto no distrito e bons jogos que iria proporcionar.
Temos que trabalhar para isso, sentir o apoio dos sócios mas, temos que, com o esforço de todos nós, modificar a cultura desportiva instalada aqui no Nordeste Trasmontano. É uma mentalidade muito crítica, pouco acolhedora e isto tem de começar a mudar. Somos muito pessimistas, muito derrotistas. Quando se ganha a outra equipa não presta, quando se perde é porque nós não prestamos, nunca somos valorizados, seja aqui, seja em Mirandela, em Bragança ou Moncorvo, seja onde for. E esse pessimismo arrasta-se para as equipas, por isso temos de ser nós a começar a mudar a cultura desportiva.

J.N. – Um clube, independentemente da competição onde esteja, necessita do seu público a apoiá-lo, mas o vosso estádio sem bancadas não será muito convidativo.

R.V. – Já me desgastei demasiado a falar sobre essa matéria, no entanto, posso adiantar que, segundo as informações de que disponho, as bancadas vão estar operacionais para receber os adeptos no início da próxima época. É obvio que uma equipa produz mais e melhor se for incentivada pelo seu público e é evidente que se não houver condições de conforto os associados não vão em tão grande número como seria desejável. Mas, vamos confiar na palavra das pessoas que, como nós, estão empenhadas em fazer o seu melhor. Vamos acreditar que vão cumprir as suas promessas e que o Clube Atlético vai ter boas condições para ter sempre os seus associados a incentivar os jogadores para as grandes exibições que conduzem às vitórias que dão boas classificações.