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A vitória de Júlio Meirinhos

Ter, 11/07/2006 - 16:51


Escrevo esta crónica três dias antes do desfecho das eleições para a presidência da Região de Turismo do Nordeste. Daí parecer abusivo o título, mas confio na perspicácia dos leitores, de modo a entenderem esta opinião de quem está longe dos “mentideros” e dos ensaios confabuladores das duas listas em confronto.

O Dr. José Manuel Alves, que foi a enterrar há três semanas, Presidente da Região de Turismo do Centro, costumava dizer-me: sabe, em matéria de turismo todos os portugueses se julgam grandes conhecedores, todos falam e opinam, mas poucos sabem da poda. Uma maleita traiçoeira ceifou-o antes de poder levar a cabo os projectos em que estávamos empenhados e, de verificar do acerto da sua posição em matéria de regiões de turismo. Não é altura de teorizar acerca da indústria turística, das alavancas estratégicas da segunda indústria mais rentável à escala planetária, dos efeitos positivos e negativos da política seguida até agora no território periférico do Nordeste Transmontano. É altura de tentar perceber a razão do apagamento de Adérito Lhano a favor de António Afonso, porque em termos curriculares tem mais experiência, mais “Mundo” do que o professor de Macedo de Cavaleiros. Sendo os dois membros do mesmo partido, tendo Lhano perdido as eleições de forma conturbada e injusta, até o Governador Civil de então votou, depreendo não ter ele tido a força suficiente inter-muros para lançar a sua candidatura de modo a forçar a renúncia de António Afonso. Ao retroceder deu um claro sinal de humildade democrática, de disciplina em termos estratégicos, porque além das Câmaras, nesta altura, a Região de Turismo é o único órgão visível onde o PSD é poder. E, aqui reside o primeiro efeito da candidatura de Júlio Meirinhos – obriga a um reordenamento dos laranjinhas, necessariamente, a deixar sequelas, que não deixarão de ser exploradas no futuro. O acto de Meirinhos, independentemente de ganhar ou não, provocou ainda um aprofundar do cisma entre a capitalidade política de Bragança e alguns concelhos governados por autarcas sociais-democratas. Em devido tempo, veremos quem irá tomar conta da batuta e reger a orquestra, porque em política tudo tem um tempo e, não há piedade para os vencidos. No mais, a investida de Júlio Meirinhos obriga a um reescalonamento da acção dos responsáveis pelo turismo do Nordeste, o qual passa por um “partir pedra” capaz de gerar um documento orientador pautado pelo rigor, a profundidade, o rigoroso exame das particularidades e singularidades na sua esfera de acção, até porque os desafios são enormes e os riscos de implosão por efeitos das negatividades, serem evidentes e de consequências imprevisíveis. A competição é aguda, o improviso e a jeiteira não podem continuar a ditar a sua lei, pois a toda a hora e momento surgem projectos de alta qualidade escorados em adequado planeamento, longe das fanfarras e farroncas, mas definidos com base em sólida prospectiva e marketing em consonância. O efeito Meirinhos vai obrigar a os autarcas a concederem outro olhar à Região de Turismo, com a excepção da capital do distrito, pois a sua própria política neste capítulo demonstra o querer da afirmação da marca Bragança, se duvidas existissem, elas estão dissipadas ao ser anunciado o avanço do projecto do parque temático. Enquanto uns se perdem em cortesias, teimosias e tácticas palacegas, Jorge Nunes avança. Pode-se questionar a sua política, pode-se estar em desacordo ante os seus pontos de vista, podem os escarranchados na mula da má-língua dizerem mal dele, mas não se lhe pode negar querer. E querer é poder. Ou não é?

P.S.: Propositadamente preferi não colher informações, de modo a escrever em jeito de prova cega.