Ter, 11/07/2006 - 16:07
A olhar pelas palavras do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, não se pode afirmar, com segurança, que Vila Real e Mirandela vão continuar a constar dos projectos da CP ou REFER. Isto, num ano em que o comboio comemora 150 anos de existência em Portugal…
Aliás, na passagem pelo plenário distrital do PS, que decorreu em Bragança, o ministro nem se esforçou para esconder que as vias estreitas do Corgo ou do Tua poderão sucumbir ao peso dos números de passageiros. “É insustentável manter uma linha ferroviária que não tem procura”, deixou claro o governante em declarações aos jornalistas.
Enquanto se aguarda pelo Plano Ferroviário Nacional, Mário Lino vai dando umas achegas e desafia privados e autarquias a apostarem na ferrovia que o Estado não quer. Ou seja, naquela que não é rentável.
É certo que os chamados Comboios Históricos que circulam no Douro têm registado algum sucesso, fruto da sua interligação com os cruzeiros fluviais promovidos por um empreendedor chamado Mário Ferreira. Mas, se a lógica é entregar a exploração aos privados e às Câmaras Municipais, porque razão a Sociedade Comboios do Tua ainda está no papel. A CP, tal como o Governo, nunca quis subscrever um documento que estabelecia uma parceria entre os cinco municípios servidos pela Linha do Tua e os Estado, tendo em vista a exploração daquele ramal. Mas, agora é um membro do Governo que apela à participação das autarquias e das empresas, mesmo sabendo que os custos de exploração duma linha de comboio não são, propriamente, uma bagatela.
Contradição? Talvez não. Tal como já tivemos oportunidade de divulgar, numa exposição sobre ferrovia levada a cabo em Lisboa exibia-se um mapa da CP que excluía as linhas do Tua e do Corgo. Terá sido uma morte por antecipação, para não apanhar ninguém de surpresa?