Ter, 04/07/2006 - 15:19
Esta situação deixa antever que será difícil o diálogo entre os ambientalistas e a recém constituída Associação de Municípios do Baixo Sabor (AMBS), que engloba os concelhos de Torre de Moncorvo, Alfândega da Fé, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros, todos eles defensores da construção do empreendimento hidroeléctrico.
Recorde-se que a AMBS diz ter enviado uma carta à PSL, no sentido de se encontrar uma estratégia para a protecção dos valores ambientais da região do Baixo Sabor, mas os ecologistas garantem que ainda não receberam qualquer comunicação.
De qualquer forma, José Teixeira, membro da PSL, disse ao Jornal NORDESTE que a plataforma está disponível para dialogar com a Associação de Municípios, mas no sentido de viabilizar e dinamizar um vale Sabor sem barragem.
“A AMBS diz que a barragem é importante para preservar os valores naturais do rio Sabor, mas isso é pura falácia, porque é completamente errado acreditar-se que, para preservar algumas espécies em períodos de seca, é preciso inundar um vale inteiro”, alega o responsável.
José Teixeira recorda que há espécies de fauna e flora “que se adaptam a situações menos favoráveis”, mas alega que “nunca será com a submersão de uma área tão importante que se vai salvaguardar o património natural da região”.
Silencia no nuclear
Por isso, a PSL tem lutado contra a construção da barragem do Baixo Sabor, alegando que “todos os estudos da comunidade científica nacional se têm manifestado, desde o início, contra a construção da barragem, onde existem locais que são insubstituíveis do ponto de vista ambiental”.
José Teixeira garante, igualmente, que todas as posições da União Europeia (UE) têm sido favoráveis às duas queixas apresentadas pelos ambientalistas, em particular pela PSL. O responsável relembra, até, que a EU apresentou, recentemente, mais um documento que inviabiliza o financiamento comunitário da barragem do Baixo Sabor.
Já o presidente da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Aires Ferreira, que é um dos principais rostos do movimento pró barragem, tem uma opinião diferente. Na óptica do edil, toda esta movimentação não passa de tentativa de afirmação pessoal de algumas pessoas que integram a PSL. “Quando se falou da possibilidade da construção de uma central nuclear junto ao Douro Internacional não viu nem ouviu alguns ambientalistas pronunciarem-se”, critica o autarca.
Por outro lado, Aires Ferreira defende que a região do Douro Superior está a sofrer uma desertificação galopante, “devido à erosão dos solos que é preciso combater com recursos hídricos”.