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Mãe:

Ter, 20/06/2006 - 16:17


Lembras-te das frias noites de Inverno,
Quando me aconchegavas nos teus braços
E me contavas histórias inacabadas
De princesas, de dragões, de bruxas e de fadas?

Lembras-te das belas tardes primaveris
Quando me davas a mão e caminhávamos
E juntas descobríamos vales e montes,
Novos lugares, regatos e fontes?

Lembras-te dos quentes dias de Verão
Quando nos deitávamos sobre a areia da praia
E construíamos juntas sonhos e castelos
E voávamos até aos sóis amarelos?

Lembras-te das mornas tardes de Outono?
Que delícia os singulares odores do campo!
Pisávamos levemente as folhas acabadas de poisar
E os trinados das aves, em despedida, cortavam o ar.

Tudo isto, contigo, descobri,
Tudo amei, tudo saboreei,
Tudo guardarei no meu coração.
Nada esquecerei, nada,
Nem a tua terna voz, mãe.
Tudo vibra, como cântico, no ar
Mas… é indispensável caminhar.

Quero descobrir outros heróis,
Conhecer outros lugares,
Voar para outros sóis,
Escutar outros trinados.
Quero acreditar nos meus sonhos
E, desta vez, terminá-los.

Era eu pequenita,
Chegava a hora de dormir,
Cobrias meus sonhos de encanto,
Aconchegavas-me a sorrir.

Deitada no teu regaço,
Ouvia canções de embalar,
Até que o sono chegava,
Com as fadas ia sonhar.

Tive uma infância feliz
Mas, entretanto, cresci.
Já saí do teu regaço
Mas, mãe, gosto muito de ti.

A pouco e pouco,
Desse mundo me liberto,
Procuro o Infinito
Sem rota ou destino certo.

Se me perder, quero-me encontrar,
Se cair, quero-me levantar,
Quero encontrar respostas
Mesmo que tenha de errar.

Mãe, mudei.
Já não sou a criança dócil
Que embalavas ternamente.
Mas, há algo que perdura:
Os valores que me incutiste.
Amar-te-ei eternamente.

Ana Catarina Lourenço Ribeiro