Ter, 20/06/2006 - 16:08
Sempre gostou. No entanto nunca perde uma festinha popular e um fado. É
verdade, pois até há quem diga que são símbolos nacionais e tenha
identificado com eles personagens como Amália e Eusébio.
Perante tais distracções, nada faz mover o povo noutra direcção. E se todos já repararam, nem os esforços do governo são os mesmos para agitar o povo.
Passa tudo ao lado. E mesmo para que o Primeiro Ministro não passe ao lado, vai ele ter com a selecção nacional à Alemanha para ser visto no meio dos craques e aparecer no horário nobre das televisões, para que ninguém esqueça que ele ainda aí está.
Enquanto o mundial de futebol se vai desenrolando com as vicissitudes que todos conhecemos, o país vai conhecendo mais greves e tumultos, que passam quase envoltas num anonimato pretendido. De facto, a divulgação e a aderência à greve dos professores, por exemplo, foi fraca, por um lado e por outro não foi seguida pelos outros sindicatos, além dos que integram a Fenprof. Quase ninguém se incomodou com isso, pois o futebol sobrepunha-se a tudo e isso era ouro sobre azul, para os interesses da senhora ministra da Educação.0 governo fez vista grossa e não pronunciou e mesmo os órgãos de comunicação social pouco adiantaram, pois o que interessa agora é a nossa Selecção. Pois que
seja! Que ganhe, que chegue à final e que sejamos os campeões. Alguma vez há-de ser! Mas que ninguém pense que os problemas do país acabam com as vitórias da selecção! Não acabam mesmo.
A euforia que se poderá vir a sentir, minimizará as agruras do dia-a-dia, mas não as fará desaparecer. Logo após, virão à luz do dia, todas as
desgraças nacionais. Mas está bem. Para já, o melhor é dar força à
selecção. Pode ser que nos dê mais alegrias.
Quando acabar o futebol e as alegrias possíveis, virá outra realidade, muito
mais crua e me nos festiva. Preparemo-nos para ela.
As férias estão à porta e por vontade do governo ninguém deveria gozá-las. Os portugueses são uns mandriões, trabalham pouco, produzem pouco, só querem férias e por isso mesmo, não deveriam ter direito a elas. Mas esperem, que a partir de agora, vão todos ser avaliados e quem não tiver produzido não avança e arrisca-se a ir para a rua. Ponto final!
Não sabiam que agora vai ser assim? Pois é. Vai sim senhora. Que o diga a
senhora ministra da educação e o senhor ministro da economia. E até já o
disse o senhor Presidente da República! Eu quando o ouvi até pensei que era presidente de outra república que não a nossa, mas enganei-me. Era mesmo o Cavaco que estava a falar. Apoiar a senhora ministra da Educação!
Francamente! Ainda o quero ver a dizer que se enganou, embora ele diga que raramente se engana.
Bem com toda esta gente a ser avaliada, ou se produz muito mais ou afundamo-nos nesta crise económica em que navegamos há séculos! Seguramente que não é por aí o caminho para a recuperação económica, mas pode ajudar! Quem sabe?
Eu não acredito. Ouvimos falar da Opel. Ouvimos dizer que vai fechar, aumentando assim o desemprego em Portugal. Ouvimos dizer que vai para o leste porque o ordenado mínimo lá é muitíssimo inferior ao nosso. Como é que se pode combater uma coisa destas? Vamos lá a pensar senhores ministros! Pensar enquanto ainda há tempo. O futebol ainda dura mais quinze dias! Apesar da nossa selecção não ter desempenhado um papel muito bom, mesmo ganhando, pelo menos vai-nos brindando com algumas vitórias e dando a esperança de outras. Quer queiramos quer não, o certo é que nem os ministros vão pensar em combater as agruras do défice económico ou do desemprego, enquanto o futebol não acabar. Para eles o sonho mantém-se. Parece que só a senhora Ministra da Educação é que não vai em futebóis e já está a agendar o novo ano escolar, avisando os professores de que não vai ser nada fácil! Para nada servem as greves e as ameaças dos professores. Ela não se intimida. Até duvido que saiba sorrir! E para quê? Já não engana ninguém.
Todos sabemos que ela não gosta de festas nem de futebol. De que gostará? Muito ou pouco, aproveitemos enquanto dura o futebol. Aproveitemos este adormecimento em que todos estamos mergulhados, pois o acordar não será de festa seguramente.