Ter, 16/05/2006 - 14:40
A situação já não é de agora e nem sequer pode ser considerada ilegal,
pois há muito que os apicultores espanhóis reconhecem as boas condições para a produção de mel na área do Parque Natural Douro Internacional.
“As colmeias vêm de Espanha em grande quantidade e há mais de quatro mil instaladas em concelhos como o de Vimioso e Mogadouro. Em termos comparativos, o apicultor da região com maior número de colmeias fica-se pelas 600, o que é insignificante quando comparado com o efectivo vindo de Espanha”, explica o secretário técnico da AAPNDI, Jorge Fernandes.
Sendo assim, esta é a grande preocupação dos apicultores portugueses, que temem que o elevado número de apiários espanhóis contribua para delapidar o património natural, sem deixar mais valias económicas na região.
É que os apicultores transmontanos podem ver o seu território limitado para a instalação de colmeias, enfrentando a consequente perda de rendimento.
Por isso, a AAPNDI exige o cumprimento das distâncias regulamentares em termos de apiários. Em parceria com a Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes, os apicultores do Douro Internacional dizem estar empenhados em fazer cumprir a lei em termos de controlo sanitário, por via de análises rigorosas aos apiários espanhóis.
Sector esquecido
“Os espanhóis podem estar instalados no território português, mas terão de cumprir com a legislação em vigor, nomeadamente ao nível da sanidade, já que é obrigatória a apresentação de atestados”, salienta Jorge Fernandes.
Nesta matéria, o responsável aproveita para relembrar que a doença da barrôa entrou em Portugal através de apiários espanhóis ou por via da transumância.
Segundo o presidente da AAPNDI, Américo Fernandes, os sucessivos governos têm-se esquecido da importância do sector da apicultura. Prova disso é que não há apoios directos para este tipo de explorações agro-pecuária, à semelhança do que acontece com os ovinos ou bovinos. “Para os apiários nunca houve nada”, desabafa o responsável.
No entender do dirigente, “o sector do mel não pode ser encarado como um passatempo, mas como uma actividade económica importante em algumas regiões”.
Para combater a concorrência estrangeira, Américo Fernandes diz que os produtores de mel terão de começar a pensar em produzir em quantidade e em qualidade, evitando a entrada de outros apicultores mais profissionais, como é o caso dos espanhóis.