Ter, 04/04/2006 - 14:33
O Cláudio é o mais velho de três irmãos que residem na aldeia de Cicouro, concelho de Miranda do Douro.
Consciente das suas deficiências motoras, situação que o deixa dependente de terceiros, tem igualmente uma deficiência auditiva profunda, que o impede de comunicar. Por isso, expressa-se, apenas, através de linguagem gestual com os que o rodeiam, além de frequentar aulas de terapia da fala.
Lutador desde criança, há um ano descobriu na pintura uma nova vocação, depois de ter iniciado um curso num atelier de Miranda do Douro, acompanhado por uma professora espanhola de Belas Artes, que uma vez por semana se desloca àquela cidade para ensinar artes plásticas.
É assim que, todos os sábados, o Cláudio mergulha num mundo que lhe parece perfeito para arranjar dinheiro para a realização dos seus sonhos, que passam pela aquisição de um carro de marca “Smart” adaptado as suas necessidades.
Em confidência, o jovem diz que o automóvel tem de ser azul, tal como as cores do F.C. do Porto, o clube do seu coração.
Fisioterapia obriga
a deslocações
O Cláudio está confiante que o dinheiro vai ser conseguido com a venda dos seus quadros, até porque se sente vocacionado para a pintura.
Neste sentido, até ao próximo dia 17 de Abril decorre uma exposição na Casa da Cultura de Miranda do Douro, que visa angariar fundos para a aquisição da nova a cadeira de rodas eléctrica, que custa cerca de cinco mil euros.
Continuando a desfolhar o álbum de memórias do Cláudio, podemos ver o desenho que ele próprio elaborou com a ajuda de um computador, e que diz ser “a casa dos seus sonhos”, em Bragança, “pois lá há outras condições de vida para uma pessoa com as minhas limitações”, observa.
Recorde-se que o jovem desloca-se semanalmente a Macedo de Cavaleiros para fazer sessões de fisioterapia, tendo de percorrer 200 quilómetros duas vezes por semana.
No dia a dia, Cláudio João acompanha os jogos do F.C. Porto, não perdendo uma oportunidade de desafiar os adeptos de outros clubes quando o “seu Porto” ganha.
O jovem frequenta o 8º ano na Escola Secundária de Miranda do Douro e, apesar das suas limitações, é considerado uma pessoa alegre e um exemplo de coragem, devido à sua grande vontade de vencer.
Para Teresa Ratón, a professora de Belas Artes, a exposição “é para uma causa muito nobre e merece ser visitada, pois o Cláudio tem veia de artista”.