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Comboios

Ter, 28/03/2006 - 17:36


Se o ministro das Obras Públicas, Mário Lino, confirmar aquilo que já circula nos corredores partidários e autárquicos, igualará o Presidente de República, Cavaco Silva, em matéria de ferrovia.

Ou seja, o governante alcançará o feito o actual chefe de Estado, que, entre 1988 e 1992, enquanto primeiro-ministro, riscou do mapa ferroviário inúmeras localidades do País. Foi o caso de Chaves, Vila Pouca de Aguiar, Macedo de Cavaleiros e Bragança, só para citar as localidades urbanas no território de Trás-os-Montes.
Foram quilómetros e quilómetros de linha férrea engolidos em nome da rentabilidade, da racionalização de recursos e da diminuição dos prejuízos da CP que, afinal de contas, continua a somar resultados negativos. Passaram mais de dez após a decisão de privar milhares de portugueses do transporte ferroviário, a CP desmembrou-se em REFER , CP e mais algumas subsidiárias, mas tudo parece estar na mesma.
Ou seja, depois de mais duma década de “gestão rigorosa”, “contenção de custos” e emagrecimento do quadro de pessoal, a CP continua a acumular prejuízos. E como continua a ser preciso reduzir custos, os cortes não são feitos nas linhas suburbanas de Sintra, Azambuja, Cascais, Porto, Braga ou Coimbra. Aí os horários até se multiplicam para conseguir transportar os milhões de portugueses que se amontoam no litoral.
A diferença é que os cortes já não pairam sobre linhas, mas sobre o pouco que resta delas, leia-se Tâmega, Tua e Corgo, onde CP e REFER nada têm investido para inverter o abandono que tomou conta de carris e estações. Nestes ramais moribundos, a qualidade do serviço é tão fraca que qualquer passageiro troca a automotora de via estreita por um autocarro, mais rápido e mais confortável.
A excepção tem vindo a ser a linha do Tua, onde as modernas automotoras do metro de superfície tomaram o lugar das velhas locomotivas e carruagens que demoravam duas horas a ligar Mirandela ao Tua. Mas, mesmo aqui o pesado lápis negro da CP parece querer riscar do mapa mais umas dezenas de quilómetros de via-férrea. Enfim, sempre os mesmos a pagar a factura, sempre os mesmos à espera duma auto-estrada que tarda em chegar.