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“Temos de travar esta sangria”

Ter, 07/03/2006 - 16:30


O recém-eleito presidente da Associação Comercial e Industrial de Vimioso, Francisco Lopes, está disposto a travar uma luta contra “a centralização de tudo no litoral”. A desertificação do concelho e a fraca rede de acessibilidades, contudo, são os principais entraves que o dirigente vai encontrar neste combate.

Jornal NORDESTE (JN) - Como decorreu o acto eleitoral e como ficaram constituídos os órgãos sociais da ACIV?
Francisco Lopes (FL) - Decorreu com toda a normalidade. Ficando os corpos gerentes representados por todos os ramos de actividade, desde o comércio à indústria.

JN - Qual o futuro de um concelho do interior com fraco tecido empresarial, como o de Vimioso, e que medidas de discriminação positiva espera do Governo?
FL - Acredito no futuro do Concelho de Vimioso. Prova disso é que aceitei esta responsabilidade. Este concelho necessita de ter muitos mais benefícios fiscais no sentido de estimular empresas e empresários a aqui se instalarem. A par de outras medidas de discriminação positiva. Infelizmente até agora não se tem visto vontade política por parte dos nossos governantes para que esta situação se altere. No entanto o país não pode continuar a caminhar para a centralização de tudo no litoral. Temos que aproveitar as nossas riquezas que não são poucas.

JN - Acha que a proximidade com Espanha beneficia as trocas comerciais. Quem fica a ganhar nestas relações, Vimioso ou Alcanices?
FL - A proximidade entre vizinhos pode ser positiva desde que numa relação de igualdade e respeito mútuo. A realidade actual parece-me mais vantajosa para a Espanha do que para nós. Vimioso já teve uma feira importante e um comércio dinâmico. Temos de acreditar que é possível recuperar o tempo perdido desde que nos ajudam a tal. Esta batalha não é fácil e tem de contar com o apoio das entidades governamentais.

JN - Qual tem sido o envolvimento da ACIV na Feira de Artes e Ofícios de Vimioso?
FL - A ACIV tem sido um parceiro importante, neste evento. A Câmara Municipal em boa hora decidiu entregar a organização da Feira de Artes e Ofícios à ACIV. A Câmara Municipal assegura a componente financeira porque de outra forma a realização e o sucesso desta não seriam possíveis. A Feira de Artes e Ofícios passou a dispor do Pavilhão Multiusos para a sua realização, o que aconteceu já na última edição. Com esta importante infra-estrutura temos condições de continuar a crescer e a prestigiar a feira, bem como outras que pensamos realizar.

JN - A ACIV já criou a sua sede no novo Pavilhão Multiusos de Vimioso?
FL - Na abertura da última Feira de Artes e Ofícios o senhor Presidente da Câmara Municipal afirmou que o Pavilhão Multiusos será entregue à responsabilidade da ACIV. Estamos certos que esse acto se efectuará no momento próprio.

JN - Que tipo de relacionamento tem a ACIV com a Câmara Municipal de Vimioso e quais os apoios disponibilizados pela autarquia para a concretização do plano de actividades da ACIV?

FL - O relacionamento entre estas duas instituições é muito bom, até porque os nossos objectivos são comuns: o desenvolvimento e engrandecimento do nosso concelho. Relativamente aos apoios da Autarquia é nosso propósito solicitar, a breve prazo, uma audiência ao senhor Presidente da Câmara Municipal, com vista a apresentar-lhe o nosso Plano de Actividades para este ano, e assim estabelecer parcerias e apoios entre as duas partes.

JN - Qual o ponto da situação e futuro da Zona Industrial de Vimioso?
FL - Esta é uma matéria que não nos diz directamente respeito. No entanto, devo dizer que apoiamos os objectivos do Município no que toca aos investimentos que aí têm sido efectuados e à venda dos lotes a preços simbólicos para assim atrair eventuais investidores.

JN - Que projectos de investimento tem a ACIV ao nível de candidaturas a programas de apoio ao Comércio e Formação Profissional?
FL - A ACIV já deu a conhecer todas as candidaturas a que o comércio local tem acesso. Realizou uma conferência para divulgar essas ajudas, que infelizmente são escassas. Ficam muito aquém das nossas necessidades e a burocracia exigida dificulta muito a elaboração dos processos. Estão a decorrer também alguns cursos de Formação Profissional.

JN - Vimioso dispõe duma frequência de rádio, Acha que está a ser bem utilizada e posta ao serviço da comunidade?
FL - Julgo que essa rádio não está há muito tempo no ar. Por outro lado, mesmo quando esteve em funcionamento nunca teve estúdios no nosso concelho. Também creio que a esmagadora maioria dos habitantes do concelho não a conhece. Corre o risco de ser uma rádio fantasma. Quero crer que a instalação de uma futura rádio no concelho, aproveitando a frequência atribuída por lei e bem utilizada, dando voz às nossas populações, pode desempenhar um verdadeiro serviço público para bem da comunidade.

JN - Que projectos tem a ACIV para Argozelo. Acha que é viável criar uma delegação nesta Vila?
FL - A ACIV nos seus estatutos afirma-se como de âmbito concelhio, portanto nessa medida dará toda a atenção e apoio aos seus sócios, tanto de qualquer freguesia como de Argozelo. Nesta fase não estamos a pensar instalar delegações.

JN - Partilha da opinião que as acessibilidades são um dos principais entraves ao desenvolvimento económico do concelho de Vimioso?
FL - Claro que são uma condição indispensável ao desenvolvimento. Fazem parte dos pré-requisitos para que possa haver um verdadeiro desenvolvimento. Todos sabemos que duas condições fundamentais ao desenvolvimento são: as acessibilidades e o investimento público do Estado. Ambas não existem no nosso concelho. Se já existissem tenho a certeza que Vimioso não se debatia com os problemas que neste momento enfrenta. É de todos conhecido a redução drástica da sua população, o encerramento de serviços públicos na área do ensino, da segurança, da saúde, etc. Tudo isto acontece porque não há oferta de emprego e os nossos concidadãos têm de procurar a sua sobrevivência por outras paragens. Temos de travar esta sangria, se não qualquer dia não é possível pensar o futuro com qualidade e bem-estar.

JN - Quantos associados tem a ACIV e qual o número de empresas existentes no concelho?
FL - A ACIV tem mais de uma centena de associados, que no contexto do concelho e percentualmente não está mal. No entanto o seu objectivo é crescer. O número de empresas na actualidade são cerca de 130, pois nos últimos anos foram nove dissolvidas e cinco alteraram o seu domicílio fiscal.

Entrevista de João Campos