Qua, 01/03/2006 - 11:22
A culpa até pode ser do clima, mas o certo é que a flor da amendoeira é cada vez mais rara por estas paragens. Este ano, a floração só deverá atingir o pleno em meados de Março, de modo que os concelhos que fazem do amendoal um cartaz turístico poderão desiludir os visitantes.
Em Vila Nova de Foz Côa, por exemplo, a autarquia até colocou flores de amendoeira em papel para colorir as árvores da principal avenida da cidade, num gesto de improviso para “turista ver”. Durante o fim-de-semana que passou, a capital das gravuras rupestres registava o habitual movimento de excursões a descarregar centenas de forasteiros, mas este tipo de turismo sazonal corre sérios riscos se o amendoal continuar a ser abandonado ao ritmo dos dias de hoje.
Foz Côa, de resto, é o exemplo acabado de um município que não tem sabido criar alternativas para contornar a queda das amendoeiras em flor. Enquanto os concelhos de Freixo de Espada à Cinta e Torre de Moncorvo apostaram em feiras em recinto coberto, de artesanato e produtos da terra, em Vila Nova de Foz Côa as tendas continuam a ser montadas pelas ruas, numa perspectiva de ordenamento que deixa muito a desejar.
Pior do que isso são os garrafões de vinho ou azeite e os frascos de mel em cima dos passeios, nas bermas da estrada ou em carrinhas de caixa aberta, naquilo que representa um fraco cartão de visita para qualquer concelho. Vende-se a quem passa e compra quem pára, num triste exemplo contrariado pela Adega Cooperativa de Foz Côa, cujo posto de venda está aberto aos fins-de-semana para dar resposta aos turistas.
Quanto ao resto, poder-se-ia apontar o dedo à Câmara municipal, mas o certo é que a sensibilidade para a actividade turística não se cria por decreto. Se assim fosse, há muito que o município estaria a tirar partido das gravuras rupestres e do Parque Arqueológico do Côa, cuja criação em pouco ou nada se traduziu no aparecimento de restaurantes ou unidades de alojamento de qualidade.
Pelo menos as gravuras não desaparecem, ao contrário do amendoal…