Ter, 21/02/2006 - 15:38
O tempo passa, novas tecnologias vão sendo assimiladas, a sociedade de outrora não é a mesma. Liberdade, individualidade e isolamento vão devorando, velozmente, a afectividade e a cumplicidade.
Instáveis, a nível afectivo e emocional, muitos têm mergulhado num poço de insegurança, deixando de buscar forças para fazer frente à solidão. Preferindo (ou, acreditando não ter outra opção) o isolamento. A dificuldade de se expor, o medo de se abrir e de se entregar impedem de dar a conhecer o seu lado mais humano. Frágil, afectuoso e sonhador.
Alguém pode estar a questionar-se: "Às vezes, mesmo do lado de quem gostamos, sentimos que não somos correspondidos e compreendido. Isso também é solidão?" Sim, seria o que chamamos de solidão a dois, onde a presença física de outrém pouco ou nada nos diz. Todavia, se deixarmos ainda mais de demonstrar interesse pelos outros, possivelmente esses poderão, igualmente, cruzar os nossos caminhos sem sequer reparar em nós. Vale a pena, desde que queiramos arriscar, indo ao encontro da outra pessoa. Basta de pensarmos só o catastrófico, de sermos destroçados e rejeitados. Podemos e devemos, ser honestos e descobrir como é bom sentir que somos queridos e compreendidos.
Segundo estudos recentes, por volta de 40 por cento das pessoas sofrem de depressão e/ou transtornos de ansiedade, entre eles, angústia, pânico, fobias e stress, muitos dos quais relacionados, directa ou indirectamente, com a solidão. Situação que tem levado jovens e idosos a um desespero tremendo que acabam, em casos extremos, em suicídio.
Contudo, são também muitos os que optam, saudável e conscientemente, por viverem de modo independente, sozinho, sem interferências da realidade, ausente dos desgastes e desapontamentos de uma vida a dois. Fazendo do isolamento um momento especial e deveras positivo e produtivo. Aproveitando essa situação para possuir a tão almejada liberdade de ir e vir, o prazer de ser e de estar só.
Deve-se então, tentar perder o medo de participar, de compartilhar e de fazer ressurgir os nossos mais verdadeiros sentimentos, ideais, emoções e sonhos. Viver sem culpas, de modo mais harmonioso e solidário. Com um espírito aberto às suas próprias verdades e limites, ao novo, ao diferente e ao prazer de se sentir integrado. Parte una e singular do colectivo, do social, da própria cultura e da linguagem.