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Há sempre uma primeira vez

Ter, 31/01/2006 - 16:13


É verdade! Não se pense que tudo acontece sempre igual, que tudo se repete na imensidão do tempo que passa, sem que nada mude ou impulsione o grande artista que é o homem.

Sempre que se acredita profundamente numa opção, ela torna-se
cada vez mais possível de acontecer, de se tornar realidade.
A História de Portugal aponta-nos imensos casos onde, contra ventos e marés,
acontece o menos esperado e pela primeira vez. Mas não é só na história de
Portugal que estas coisas acontecem. Um pouco por todo o lado se verificam
situações destas e sem grande alarido. Há algum empolgamento quando, sem se
contar e pela primeira vez, acontece algo inesperado, mas isso só prova que
tudo é possível e que só os incrédulos é que embarcam em navios furados.
No entanto também vem provar que o homem consegue manobrar o rumo de alguns
acontecimentos, especialmente os que dependem directamente da sua acção e da
sua convicção.
Vivemos há pouco tempo um momento importante da vida nacional. As recentes
eleições elegeram, pela primeira vez um Presidente da República da área do
centro-direita. Em trinta anos de democracia nunca tinha acontecido. Sempre
tivemos presidentes ou militares ou de esquerda. Não era fácil de acreditar
que uma mudança na escolha dos portugueses, fosse acontecer. Mas aconteceu.
Daqui para a frente já não haverá mais surpresas. Já tivemos de tudo e tudo
pode acontecer. É a faceta mais brilhante do jogo democrático.
A partir de Março, Portugal tem pela primeira vez um Presidente que não é
socialista nem militar e um governo socialista que pretende levar a bom termo o
seu mandato. Oxalá assim seja, no sentido de que o país viverá momentos de
maior estabilidade económica e social. Apesar de em poucos meses de governo
este executivo ter enfrentado momentos difíceis caracterizados por greves
variadas em todos os sectores, nada impede que alguma retoma seja possível e
que alguma paz social aconteça. Só os néscios fazem asneiras por querer!
A verdade é que estas eleições não só trouxeram a novidade da primeira vez,
como demonstraram e muito bem, mas também que nem só aos partidos políticos
compete a gestão democrática dos candidatos à presidência. O Movimento
Cívico de Manuel Alegre, veio comprovar isso mesmo e ao mesmo tempo abrir uma
porta nova para este tipo de eleições. Não é que este caso fosse o único
em Portugal. Não. Já aconteceu mais vezes, mas o de Manuel Alegre foi
diferente porque dentro do próprio partido socialista apareceram dois
candidatos e só um apoiado pelo partido e pelo governo. O resultado é que foi
surpreendente, pois ganhou o que não teve o apoio do partido, o que veio
também demonstrar que este apostou muito mal. Agora se equacionarmos o
problema noutra perspectiva, na de um só candidato e este ter sido Manuel
Alegre, tudo poderia ter sido diferente. Corria-se o risco de haver facilmente
uma segunda volta e nesta, toda a esquerda se unir à volta de Manuel Alegre e
ganhar. Lembremo-nos que Cavaco Silva ganhou com uma margem muito pequena! Pois é. O Partido Socialista errou. Mais uma vez. Penso que apostou na síndroma do
presidente de esquerda! Foi uma aposta.
Mas ainda bem que aconteceu. Isto pode tranquilizar o povo português e ao mesmo
tempo dar a certeza ao homem do povo que pode decidir sem medo sobre os assuntos
mais importantes da sua vida. Na verdade há sempre uma primeira vez para tudo.
Por outro lado, esta eleição vem pôr em palco um personagem de que se espera
muita coisa. Não que o tenha prometido, isso é o menos, mas o que pretende
realizar e como fazê-lo juntamente com um governo socialista. É que todos
têm assistido a momentos em que o Presidente da República toma decisões
contra o governo em momentos graves que a Nação tem atravessado e agora todos
esperam para ver como é que este presidente vai agir em momentos idênticos, se
os houver. E se alguns esperam que ele aja como agiu Sampaio, desenganem-se.
Não o fará, seguramente, a não ser que continuem as greves por todo o país,
o descontentamento e o desencanto socialista. Esperemos que tal não aconteça
para bem de todos nós. Portugal não tem estrutura para viver mais um momento
eleitoral idêntico à queda de Santana. Seria o caos.
Seja como for, se isso acontecesse, também era uma primeira vez, já que seria
um presidente da centro-direita a derrubar um governo de esquerda! De qualquer
maneira, é melhor que tal não aconteça. Vamos esperar para ver!