Caretos de Vila Boa no Japão

A mais recente actuação deste grupo decorreu na Expo 2005, no Japão, onde tiveram uma recepção calorosa por parte da população oriental. Mais de 15 mil pessoas aplaudiram de perto os mascarados transmontanos, a quem confiaram algumas crianças para serem abençoadas.
“Os países Orientais também têm uma forte ligação às máscaras. Na Expo 2005, os próprios pais pegavam nos bebés e davam-nos aos caretos para os abençoarem”, salientou o responsável pelo grupo de caretos de Vila Boa, Tozé Vale.
A revitalização das festividades das máscaras, cuja origem se perde no tempo, foi o motivo que, há dois anos, levou alguns jovens da aldeia a “vestirem o fato” e a colocarem a máscara.

Carnaval à porta

Segundo Tozé Vale, em Vila Boa existiam os “máscaras” que eram os responsáveis pela animação na tradicional Festa da Mesa, actualmente designada por Festa dos Rapazes. No entanto, essa tradição perdeu-se em 1946, arrastando a arruada de mascarados no dia de Carnaval, que estava a ficar esquecida no tempo, pelo que jovens e adultos decidiram pôr mãos à obra e criar as vestes tradicionais dos caretos transmontanos.
A partir daí, os caretos de Vila Boa têm participado em diversas actividades ligadas às máscaras, tanto nível regional como nacional.
Neste momento, o grupo é composto por 12 mascarados, com idades entre os 5 e os 46 anos de idade, que começaram com saídas na região, mas rapidamente se estenderam a outros pontos do País.
“Já actuamos em Alijó, Porto, Lisboa e em Braga aquando do Euro 2004. Também estivemos na Madeira, para animarmos a exposição itinerante Máscaras de Portugal, e o ponto alto foi mesmo a actuação no Japão, onde, juntamente com os gaiteiros de Varge, representámos as máscaras de Trás-os-Montes e de Portugal”, acrescentou o responsável.

Gaiteiros em formação

A festa de Carnaval na aldeia de Vila Boa, no dia 28 de Fevereiro, é o próximo ponto alto do grupo de caretos. “Os mascarados agarram, brincam, sujam e batem, embora estas tradições, actualmente, já não sejam levadas tão a sério. Antigamente, havia quem aproveitasse o dia de Carnaval para o ajuste de contas com pessoas com quem tivessem atritos anteriores”, realça Tozé Vale.
No dia de Carnaval, para além dos “máscaras”, os “marafonos” também saem à rua, para ajudarem a animar a festa, espalhando cinza e farinha pelos forasteiros que aderem à festa.
O próximo passo é a criação de um grupo de gaiteiros, para acompanhar os mascarados com as músicas tradicionais da região. “No próximo ano, espero que o grupo de gaiteiros de Vila Boa esteja formado. Já temos um gaiteiro na aldeia, mas agora temos que incentivar alguém da terra para tocar caixa e bombo”, concluiu Tozé Vale.