Ter, 06/12/2005 - 17:09
Segundo Maria Aragão, a produção e comercialização de azeite transmontano começou como uma “brincadeira”, numa exploração familiar, mas acabou por atingir uma dimensão a larga escala, quando começou a ser valorizado nos mercados estrangeiros.
Marcar a diferença foi a estratégia usada por esta empresária, para conseguir vingar num negócio que, até então, pertencia aos homens.
“Foi o primeiro projecto português de azeites a entrar na Comunidade Europeia em nome de uma mulher, visto que antes só havia homens neste negócio”, acrescentou Maria Aragão.
O sucesso do azeite da Casa Aragão obrigou esta empresária a ampliar a fábrica, a adquirir equipamentos de elevada tecnologia e, passado algum tempo, a criar uma unidade de embalamento.
Inovação enaltece azeite
O lançamento do azeite biológico, o segundo a ser comercializado no País, foi outra das apostas desta empresária transmontana, para marcar a diferença.
“Nós não tínhamos condições para competir com as grandes empresas que estavam a operar no mercado e procuramos diferenciar-nos através do azeite biológico”, salientou a responsável.
A diferença, contudo, não ficou pelo lançamento deste novo produto. A introdução das garrafas quadradas no mercado, hoje usada pela maioria das marcas de azeite, também foi uma inovação lançada pela firma de Maria Rabaçal Aragão.
“O azeite é um produto nobre, pelo que entendi que também merecia uma embalagem diferente que lhe desse elegância para ir à mesa”, realçou a empresária.
A comercialização deste produto começou nas “lojinhas chiques” da zona de Lisboa e do Porto, mas rapidamente se estendeu a várias cadeias de hipermercados.
No mercado internacional, começou por abrir uma filial no Brasil, que chegou a ser distinguida com uma Comenda, e, neste momento, já comercializa o azeite transmontano nos mercados da Alemanha, Suiça, Luxemburgo, França, Bélgica e América.
Empresa distinguida
No ano passado, Maria Aragão decidiu fazer mais uma inovação nas garrafas escrever os rótulos do azeite da “Casa Aragão” em Braille, para ajudar os invisuais a escolherem um produto básico na cozinha portuguesa. Esta é uma iniciativa única no mundo, o que dá ao azeite desta empresária uma imagem única no mercado.
Apesar do sucesso deste produto no mercado nacional e internacional, Maria Aragão afirma que é nas transacções com o estrangeiro que sente mais dificuldades, uma vez que tem recebido pouco apoio por parte do ICEP.
A produção anual desta empresária transmontana ronda os quatro mil litros, entre azeite biológico e azeite de Denominação de Origem Protegida. Este ano, contudo, houve uma quebra acentuada na produção de azeitona.
“Este ano a produção de azeite vai diminuir cerca de 80 por cento. Mesmo assim, a qualidade é a minha principal prioridade, pelo que não vou comprar azeitonas nem azeite fora, para não estragar o meu produto”, sublinha Maria Aragão.
A selecção das azeitonas e o acompanhamento da produção por técnicos especializados é a aposta desta empresária transmontana, que pretende “servir bem para servir sempre”.
A inovação no azeite introduzida por esta empresa durante os 24 anos de actividade levou à sua distinção pela União das Associações Empresariais da Região Norte.