Qua, 02/11/2005 - 15:50
Em Mirandela, por exemplo, o presidente da Câmara, José Silvano, prometeu “defender o Hospital de Mirandela e a sua maternidade sem quaisquer limites”.
Se recuarmos a finais de 1999, é fácil de perceber que o edil não se vai ficar pelos avisos. Ainda mal se tinha falado em Cento Hospitalar e já a população de Mirandela saía à rua para impedir a hipotética retirada de valências ao Hospital Distrital de Mirandela (HDM). Foram milhares as pessoas que se manifestaram nas ruas da cidade, num cenário que promete vir a repetir-se, caso o Governo pretenda riscar do mapa a maternidade mirandelense.
O caso não é para menos, seja para Mirandela ou para Bragança. Uma recente reportagem transmitida pelo Jornal da Tarde da RTP dava uma ideia clara do que pode ser a extinção destes serviços no distrito de Bragança. A peça televisiva dava conta duma jovem de Mirandela, a braços com complicações na placenta, que, se não tivesse sido assistida, de imediato, no serviço de Obstetrícia do HDM, talvez tivesse perdido o bebé.
E que dizer duma mãe de Freixo de Espada à Cinta que deu à luz em casa porque já não teve tempo de chegar ao HDM? Mesmo com duas maternidades no distrito, as distâncias são grandes e poucos são os bombeiros de Miranda do Douro ou das corporações mais a sul que nunca foram “parteiros” por um dia.
Por isso, é melhor nem sequer pensar no que poderá a acontecer se as maternidades transmontanas vierem a ser concentradas no Centro Hospitalar de Vila Real, ultrapassando os tais mil partos que os especialistas consideram ser o número mínimo para garantir um serviço de qualidade.
Esta é a posição de carácter clínico, que está à espera de decisão política para ser posta em prática. Caso os decisores só condenem um dos serviços, a luta trava-se entre os hospitais de Bragança e Mirandela. O primeiro tem a vantagem de já possuir um serviço de Neonatologia, enquanto o segundo faz um maior número de partos por ano.