SENDIM contesta pároco

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Ter, 24/05/2005 - 14:49


Um grupo de paroquianos de Sendim está indignado com algumas atitudes do pároco da vila em matéria de preservação das tradições sendinesas, nomeadamente no período pascal.

De acordo com testemunhos recolhidos à saída da missa dominical que decorreu anteontem, há quem diga que o padre Francisco Silva, “é demasiado conservador” e que “quer, mesmo, acabar com algumas das tradições religiosas da freguesia”.
As posições da população, contudo, estão divididas. José Mourinho, membro do Grupo Coral de Sendim, é uma das faces do grupo de contestatários. O grupo cantava, habitualmente, durante a eucaristia, mas José Mourinho garante que “tem havido desentendimentos com o padre”.
O paroquiano assegura que Francisco Silva “não tem sabido entender a posição do Coral durante os serviços religiosos”, acrescentando que o grupo acabou por desistir de cantar durante as missas. “A arrogância do pároco é de tal forma que chegou, mesmo, a mandar calar o grupo coral”, garante José Mourinho. Em alternativa, antes das missas é distribuída uma folha que permite a cada um cantar por si.

Desentendimentos na procissão

O popular vai mais longe nas críticas e relembra que, durante as procissões do período pascal deste ano, os desentendimentos entre a população e o padre levaram à chamada “revolta dos sendineses”. Ao que foi possível apurar, os conflitos foram tais que o sacerdote não acompanhou todas as voltas à igreja que os paroquianos pretendiam dar com os andores.
O episódio ainda hoje é recordado com mágoa. “É inaceitável que um padre que se encontra na paróquia de Sendim há três anos já tenha criado tanto mal-estar”, alega José Mourinho, acrescentando que “um padre tem de saber lidar com os seus paroquianos”.
Outros dos populares auscultados pelo Jornal NORDESTE recusam-se a dar a cara, mas alinham pela mesma bitola. “A nossa religiosidade tem raízes populares. O nosso padre tem de entender isso para que a paz regresse à paróquia”, defendeu um paroquiano sob o anonimato.

“No fundo é um bom padre”

Jorge André, proprietário de um café da vila, é mais tolerante. “O padre Silva, no fundo, até é bom padre, mas tem ideias muito próprias que não vão de encontro às do povo”, reconhece o empresário. Jorge André, porém, diz que o sacerdote não agiu correctamente quando acabou com algumas procissões e tradições. “As gentes de Sendim estão à espera destas tradições religiosas. Algumas estão contra o pároco, e com alguma razão, porque ele tem de ser mais humilde com as pessoas”, afiança o comerciante.
Confrontado com os reparos dos paroquianos, o padre Francisco Silva garante que tem fomentado as tradições, “senão algumas já teriam caído”, recorda.
Ao contrário dos populares mais críticos, o sacerdote prefere não apontar o dedo a ninguém. “Nunca acusarei ninguém. Já dei a minha mão à palmatória, pois quero construir uma comunidade cristã segundo as orientações da Igreja”. E mais não diz o pároco de Sendim.