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Política de Afetos

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Há muitos anos que convivíamos diariamente com a personalidade política do Professor Aníbal Cavaco Silva. Uma figura austera, rígida que motivava receios e eliminava proximidades. Sendo o político que mais anos esteve no poder, enquanto primeiro-ministro e, depois, como presidente da república, assumiu sempre um poder distante do povo, exceção feita a períodos eleitorais. 
A mudança de perfil presidencial a que temos vindo a assistir, veio confirmar que passámos do chamado “8 para o 80”. A afetuosidade que a figura do atual Presidente da República manifesta, surpreende os Portugueses, justamente, parece-me, pelo contraste com a personalidade de quem ocupou o cargo até há pouco tempo.
Em visita ao Distrito de Bragança, o Presidente da República veio visitar diferentes concelhos, instituições e empresas. Em todas as ocasiões, o nosso Presidente tem um sentido de humor adaptado às circunstâncias, assumindo-se como o unificador de vontades e sentires. Esta mensagem vai passando junto de todos, até dos que iam desconfiando desta nova missão presidencial. Pois bem, confirmou de viva voz a qualidade dos autarcas socialistas e a dificuldade de fazer política no interior do País. Ficou assim o convite para voltar a visitar o nosso distrito e conhecer outras realidades e outros concelhos.
Como há uns dias partilhei, a política é a arte de transformar o impossível em realidade. A política dos afetos é reconhecida como de proximidade, que inclui naturalmente a capacidade de ouvir e retornar respostas. Uma agenda complicada não pode justificar o afastamento da realidade vivida pelos nossos conterrâneos. Preocupa-me fundamentalmente que se perca a noção da realidade, quando envolvidos e imersos em diferentes escalas de poder. Por isso mesmo, vemos políticos com comportamentos distintos em períodos eleitorais e não eleitorais, internamente em estruturas partidárias e externamente em contacto com as populações.
No nosso Distrito existem projetos muito interessantes, que encaixam como luva neste tema. As Universidades Sénior conferem simpaticamente um projeto de aprendizagem e de afetos entre gerações que se distinguem das demais pela experiência, serenidade e capacidade de multiplicar ideias e conhecimentos. Sempre que se aborda, como prioridade política, o envelhecimento ativo, só posso concordar. Duas razões fundamentais. Uma delas porque representam os mais conhecedores, sendo uma mais valia para qualquer sociedade. Outra, porque pessoas ativas contribuem para o bem-estar social.
Asseguro-vos que, na função de deputada existe uma realização pessoal e política que ultrapassa o caráter formal. Trata-se da oportunidade de aprender com todos. Poder receber jovens de diferentes escolas do distrito na assembleia, reunir com instituições e empresas para conhecer e apoiar a resolução de problemas, divulgar a nossa cultura e tradições, trabalhar em iniciativas legislativas que promovam o desenvolvimento estrutural, em particular na área agrícola e alimentar. Defendo de forma intransigente o nosso Distrito, também porque somos pessoas de afetos.

Nota: Portugal está na final do Euro 2016. No próximo domingo, disputamos com a França o Campeonato da Europa. Quando for publicado este artigo já conheceremos o resultado. A nossa seleção já é, seja qual for o desfecho, uma vencedora.
 

Júlia Rodrigues