Ter, 27/08/2024 - 11:11
Mais de 1440 hectares de terreno arderam no concelho de Miranda do Douro, depois de o incêndio que começou em Vimioso se ter alastrado. O município de Miranda fez o levantamento dos prejuízos e concluiu que arderam cerca de 280 colmeias, mais de 80 hectares de castanheiro, alguns hectares de olival e vinha. Perante este cenário reclama ao Governo apoios para os agricultores afectados. O vice-presidente da Câmara Municipal considera que é “impossível” os agricultores reerguerem- -se sem apoios. “Apicultores que tinham muitas colmeias destruíram-se mais de metade. A maior fonte de rendimento em São Martinho é castanha e hectares ficaram destruídos”, lamentou Nuno Rodrigues. O autarca adiantou já ter estado em conversações com o Governo. “O Governo disse vir ver ao terreno o que aconteceu e ver o que podemos fazer por estes agricultores”. São Martinho de Angueira e Cicouro foram as duas aldeias mais afectadas pelo incêndio no concelho de Miranda do Douro. Norberto Ferreira foi um dos agricultores afectados em São Martinho de Angueira. Embora reformado, trabalha as terras que herdou da família, porque não as quer abandonar. No entanto, o trabalho vai “todo ao ar nestas situações”, admitindo ser um “prejuízo sentimental”. O fogo destruiu-lhe mais de metade das colmeias que tinha. “Arderam-me 35 colmeias, é bastante, porque a dimensão não era muita. Tinha umas 50 ou 60, fiquei reduzido a cerca de 20”, contou, acrescentando que o apoio do Governo seria uma ajuda, já que o material apícola é “muito caro”. Além das colmeias, perdeu também castanheiros e pinhos. “Algum dinheiro que podia fazer dos castanheiros ardeu. O problema dos castanheiros é que precisam de 20 anos para começarem a dar alguma coisa, por isso nem imagino o prejuízo”, frisou. Ilídio Fernandes é outro dos agricultores de São Martinho de Angueira que viu o fogo destruir-lhe as plantações agrícolas. Tem 30 hectares de castanha, avelã e noz, mas mais de oito arderam. “Psicologicamente uma pessoa tem de ser muito resiliente. No castanheiro, com as pragas e doenças a somar a esta questão das áreas ardidas é complicado. Ainda nem contabilizei o prejuízo. Nas culturas anuais é fácil, nas culturas permanentes, esperamos que a produção comece aos seis anos, o pico de produção é atingido aos 15 e 20 anos e o problema é esse”, disse. Já tinha pensado em fazer seguros de colheita, no entanto abrangem apenas os prejuízos causados no ano da colheita e não são contabilizados os dos anos seguintes, tendo acabado por desistir. Hoje arrepende-se de não ter feito o seguro. O apoio do Governo poderia ser um “excelente ajuda”, para o agricultor por “voltar a investir”. O incêndio de Vimioso começou a 10 de Agosto e foi dado como resolvido três dias depois. No entanto, alastrou-se ao concelho de Miranda do Douro. Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil, no total, este incêndio consumiu 2 182 hectares de terreno.