Autarcas reclamam apoio para os agricultores afectados pelo mau tempo de Maio e Junho

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Ter, 19/09/2023 - 11:23


Vila Flor, Macedo de Cavaleiros e Vinhais dizem ter tido centenas de milhares de euros em prejuízos causados pelo mau tempo, mas ficaram de fora do apoio extraordinário do Governo

O Ministério da Agricultura anunciou, em Julho, um apoio extraordinário para apoiar os agricultores do Norte e Centro do país afectados pelas intempéries de Maio e Junho, no entanto, deixou de fora os municípios de Vila Flor, Macedo de Cavaleiros e Vinhais. Agora, os autarcas destes municípios vêm reclamar ajuda do Governo, uma vez que dizem ter tido muitos prejuízos e não entendem porque não foram incluídos no despacho, como aconteceu com os concelhos de Carrazeda de Ansiães e Torre de Moncorvo. De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Vila Flor, Pedro Lima, depois de feito o levantamento dos estragos, concluíram que “só para restituição de caminhos agrícolas, para que as safras, que estão agora a acontecer, da amêndoa e vindimas, possam decorrer com a maior normalidade possível, foram gastos cerca de 250 mil euros pelo município”. Além dos 200 hectares afectados, de “vinha, olival, amendoal e fruteiras”. O autarca é também agricultor e considera que a agricultura da região tem que ser “olhada de outra forma”, uma vez que “uma fase que é a mais crítica da sua história”, com elevados factores de produção. “A agricultura está numa posição muito frágil. Quando se fala em apoios não pode ser só uma palavra vã e jogada ao vento, têm que ser apoios concretos, que sejam robustos e de certa forma mostrem que o Ministério da Agricultura e o Governo querem que a agricultura continue”, afirmou, salientando que os apoios atribuídos são “limitados”. O mau tempo do final de Primavera não só destruiu culturas, como também derrubou muros, arrancou paralelos de estradas e provocou inundações. O presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros fala em prejuízos de cerca de 350 mil euros na recuperação de caminhos. Benjamim Rodrigues lamenta que o município não tenha capacidade para ajudar os agricultores. “Estamos sempre com grandes dificuldades para poder apoiar os agricultores, que têm tarefas tão difíceis como oferecer ao país produtos de qualidade, produtos endógenos. Quando estas intempéries surgem, muitas vezes, não temos como compensá-los. Os próprios municípios têm dificuldades, hoje em dia, para conceder este tipo de apoios. Faria sentido que fosse o Ministério da Agricultura, eventualmente o Ministério do Ambiente também, a fazer este tipo de apoios”, afirmou. O mau tempo de 1 de Junho provocou prejuízos agrícolas, nas freguesias de Vilar Seco de Lomba e Edral, no concelho de Vinhais, nomeadamente em “castanheiros, vinhas, forragens e produtos hortícolas”, na ordem dos “40 mil euros ou mais”. A recuperação dos caminhos agrícolas em várias aldeias do concelho foi outra despesa. “Foi necessário um grande esforço para limpar os caminhos, porque os caminhos rurais num concelho como o de Vinhais são as nossas auto-estradas em termos do trabalho que temos que fazer, porque o sector primário é o mais importante do concelho”, realçou o presidente da Câmara Municipal de Vinhais. Luís Fernandes considera que “faz sentido que os municípios de Vinhais, Macedo e Vila Flor sejam incluídos num despacho semelhante, que permita que os produtores que foram afectados tenham também forma de serem ajudados”. Os municípios, com a cooperação da Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes, reuniram esta semana com a ministra da Agricultura para mostrar o cenário da região. No entanto, os autarcas dizem que não foi dada qualquer garantia por parte do Governo de que os agricultores de Vila Flor, Vinhais e Macedo de Cavaleiros fossem incluídos nos apoios. O apoio extraordinário abrangeu apenas os concelhos de Carrazeda de Ansiães e Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, Alijó e Murça, no distrito de Vila Real, Penedono e Sernancelhe, no distrito de Viseu, e Vila Nova de Foz Côa e Mêda, no distrito da Guarda.

Jornalista: 
Ângela Pais