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Presidente da Escola Arnaldo Pereira assume o clube como uma referência na formação de jovens talentos

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Qua, 31/08/2022 - 09:23


Carlos Santos lidera a Escola de Futsal Arnaldo Pereira (EFAP) há oito anos, já foi dirigente do G.D. Moncorvo e A.F. Bragança, onde foi responsável pela secção de futsal, arbitragem e selecções distritais. O presidente da EFAP faz um balanço extremamente positivo da última época, com três escalões na Taça Nacional o que exigiu uma grande gestão financeira.

 

A Escola Arnaldo Pereira participou, na época passada, na Taça Nacional de Futsal em três escalões, sub-15, sub-17 e sub-19. Foi fácil de gerir a nível financeiro e em termos de logística?

Foi muito complicado, não só financeiramente, mas também em termos de logística. Na altura, pensamos em prescindir de um dos escalões, mas decidimos não o fazer porque não saberíamos como explicar aos pais/encarregados de educação esse tipo de decisão. Como se não bastasse, os sub-15, para grande surpresa nossa, classificaram-se em 2º lugar do grupo, à frente dos campeões distritais de Vila Real e Braga, para a segunda fase. Tivemos de fazer 14 deslocações para fora do distrito. Tivemos muitas dificuldades mesmo com a ajuda do município não foi fácil.

Foi o único apoio?

Não. Contamos com a ajuda dos pais, como sempre, nomeadamente nas duas deslocações a Lisboa. O município concedeu-nos essas duas viagens a Lisboa.

A Taça Nacional de Futsal é uma prova completamente diferente do distrital em termos competitivos. Foi o choque em termos desportivos para os jovens jogadores?

Claro que sim. Estamos a falar de juniores, por exemplo, que no distrital realizaram um campeonato de seis jogos e no nacional defrontam equipas que na fase distrital fizeram 30 ou 40 jogos. A diferença é tremenda em termos de intensidade, não de qualidade do jogo. Na primeira parte os miúdos, no caso dos juniores, até meio da segunda parte conseguiam um jogo equilibrado, mas depois faltava capacidade física para aguentar até ao final.

Apesar dos resultados, foi uma boa experiência para todos, jogadores, treinadores e directores?

Sem dúvida. Os miúdos perceberam que é uma prova mais competitiva e querem repetir. Para eles foi uma experiência interessante mesmo para os que não conseguiram bons resultados.

Olhando para os três títulos distritais com a consequente participação na Taça Nacional em três escalões e para todo o palmarés da Escola Arnaldo Pereira, considera a escola uma referência na formação de jogadores no distrito?

No meio do futsal distrital, somos, sem sombra de dúvida, olhados pelos nossos pares como uma referência na formação, a que não é alheio o facto de vencermos campeonatos distritais todos os anos, e, geralmente, em mais do que um escalão. Felizmente, para nós, essa percepção começa a ser reconhecida, também, fora do meio de futsal, onde começamos a encontrar portas abertas, fruto do reconhecimento do nosso trabalho.

Mas continua a ser complicado colocar atletas no topo da modalidade. O que é necessário fazer para projectar atletas para campeonatos nacionais, sendo que só temos dois exemplos no distrito, o Mário Freitas e o Arnaldo Pereira?

Não é muito fácil. Estou ligado ao futsal há quase 40 anos e só lembro desses dois exemplos, o Mário e Arnaldo, que chegaram ao topo e à selecção nacional. São jogadores que foram formados o distrito e o Mário foi um jogador que acompanhei nas selecções distritais. Actualmente, penso que não há jogadores que possam atingir o nível do Arnaldo e do Mário. É verdade que temos jogadores com muito talento, mas isso não chega. Depois há poucos jogos e os miúdos não jogam com equipas mais evoluídas.

É preciso talento, vontade e, também, um pouco de sorte. Depois, Bragança está muito longe das principais associações do país, como Porto, Lisboa e Coimbra.

Depois há outra questão, que é uma questão social. A maior parte destes jogadores quando chega a altura de ir para a faculdade deixa de jogar e sai de Bragança.

Então formar é mais importante que competir?

São as duas importantes. A nossa filosofia de formação assente em formar, educar e competir. É, com muito orgulho, que os nossos jovens, quando são chamados a representar as selecções distritais, e têm sido muitos, sejam considerados pelos treinadores das mesmas, como conhecedores do jogo, para além das suas qualidades técnicas. Educar no sentido do cumprimento de regras, tais como chegar a horas aos treinos e jogos, devidamente equipados, respeitando colegas, técnicos, directores e adversários, aprendendo a saber ganhar e perder, olhando para as outras equipas como adversários e não inimigos. Quanto à vertente competitiva deve funcionar como um complemento, que permita avaliar a evolução desportiva e incutir, de forma saudável, uma componente competitiva, que ajudará os jovens num futuro próximo a integrar-se na sociedade actual, muito competitiva. Queremos ganhar, sempre que possível, sabendo que nem sempre acontecerá, mas não pode ser a qualquer preço, respeitando sempre o outro lado, que terá, também, os seus méritos. Perder não deve ser um drama, mas não pode ser encarado de forma displicente, como se fosse igual a ganhar, senão não haveria ganhar ou perder, porque, quer na vida académica, quer mais tarde na vida profissional, a competição estará sempre presente, sendo fundamental estarem preparados para o futuro.

Os trabalhos de preparação da nova temporada estão quase a começar. Quantos atletas tem a Escola Arnaldo Pereira? Vão competir em todos os escalões?

Antes da pandemia tínhamos cerca de 85 A 90 atletas e na altura não tínhamos juniores, nem seniores. No ano passado tivemos cerca de 75 a 80 já com esses dois escalões, números que foram aumentando com o decorrer da época. Verificou-se uma perda, nomeadamente, nos escalões de idades mais baixas, cuja recuperação tem sido muito lenta. De qualquer forma, nós estabelecemos como meta 15 a 16 atletas por escalão, o que nos levaria, na formação a ter entre 100 a 110 atletas, no máximo. Não queremos ter, em cada escalão, exagerado número de atletas, e se tal acontecer, teremos de conseguir mais horas e criar mais um grupo, de forma que o treinador possa prestar atenção a todos os miúdos. Ninguém consegue prestar atenção a 30 a 40 jovens no mesmo espaço durante uma hora. Alguns andam com meia dúzia de bolas atrás de uma baliza, enquanto o treinador se dedica aos que considera mais capazes. Na nossa escolinha, isso, não.

Em relação aos técnicos, a Escola Arnaldo Pereira tem um perfil de treinador para a formação?

Sem dúvida. Foi necessário renovar o quadro técnico, e o perfil que traçamos, foi convidar professores da área do desporto, com cursos de treinadores de futsal ou, na ausência dos mesmos, estarem disponíveis para os fazer. Na altura, a escolinha dispunha apenas de um treinador com formação de futsal, que já estava, praticamente, desde o início, que é o professor Manuel Rodrigues, treinador com o nível II. A sua qualidade e conhecimentos da modalidade é reconhecida no meio, tendo sido recrutado para o quadro técnico da A.F. Bragança. Mais tarde, e em boa hora, convidamos o professor Hugo Martins Professor, que lecciona no Instituto Politécnico de Bragança, e aportou à Escolinha conhecimento pedagógico, organização, método e foi já connosco que se formou como treinador, primeiro de Nível I, e neste momento já tem o Nível II. Convidamos o professor António Coimbra, da área do desporto, que tem estado com os escalões lúdicos e que ajudou, também a elevar a qualidade da formação. Recentemente, convidamos o professor Carlos Teixeira, da área do desporto, com o Nível I em futsal, que se juntou a nós e demos mais um passo na consolidação do quadro técnico. Iremos precisar de mais técnicos, que já estamos a procurar, com a certeza que não serve qualquer um. Seremos muito selectivos na escolha.

Como início dos campeonatos de formação à porta, que pelo que vamos percebendo, vão voltar a ter poucas equipas. Na sua opinião o que deve ser feito para inverter essa tendência e dar competitividade aos campeonatos?

Eu penso que, e fiz essa proposta numa reunião com a A.F. Bragança, que os campeonatos com três ou quatros equipas não têm razão de existir. Nós temos um distrito perto do nosso, que é Vila Real, e podíamos fazer campeonatos regionais, se assim lhe quiserem chamar. E em Vila Real também não há muitas mais equipas. Nós se formos olhar para o campeonato de juniores de Braga é um inter-distrital com o de Viana do Castelo.

Estamos numa região que tem cada vez menos gente e no futuro vamos deixar de ter duas associações e Trás-os-Montes e a ter apenas uma. O que já acontece em outras áreas da sociedade.

Em relação ao projecto da equipa de seniores, o sétimo lugar deste plantel o ano de estreia surpreendeu-o? Pergunto porque antes de começar a época passada o técnico, o Manuel Rodrigues, dizia que o objectivo era não ficar na última posição.

Surpreendeu-me. Quando pensamos na equipa de seniores pensamos em convidar alguns jogadores da cidade e juntar alguns juniores. Fizemos uma captação e apareceram cerca de 40 atletas e alguns nunca tinham jogado futsal. A nossa equipa pontuou mais na segunda volta.

É possível manter todos os atletas na equipa para a nova temporada?

Temos a ideia de que todos vão ficar. Temos dois jogadores que foram abordados por um clube do nacional.

O que se pode esperar da equipa na nova temporada?

Queremos subir mais um pouco na tabela classificativa. Gostávamos de ficar o top 4 ou top 3 do campeonato. Mantemos o treinador, o Manuel, e gostávamos que o Arnaldo Pereira fizesse uma época connosco, mas não será fácil.

E futsal feminino? Faz parte dos planos da Escola Arnaldo Pereira?

Existem contactos para isso, e estamos a avaliar a nossa capacidade para o fazer. Somos poucos na direcção, e um escalão a mais só na condição de uma grande autonomia, que não sobrecarregue a direcção. Estamos confiantes, mas ainda sem certezas.