As últimas sondagens dão ao partido socialista uma subida notável e à beira de dispensar o apoio tanto do BE como do PCP. Ou seja a geringonça está prestes a desfazer-se!
A simplicidade com que se faz um telefonema e se juntam respostas a uma ou duas questões pré formuladas e com objetivos claros, levam a ter percentualmente um resultado que pode interessar ou não a quem for o objeto do inquérito. As sondagens são o que são e embora não sejam infalíveis, também não são totalmente despiciendas. O interesse delas é que animam as guerrilhas internas especialmente no que diz respeito aos partidos envolvidos nelas.
O facto do PS estar a subir nessas sondagens e situar-se no 42%, faz supor que, a continuar esta subida, o partido socialista irá dispensar o Bloco de Esquerda e o Partido Comunista, desfazendo assim a tal geringonça que lhe permitiu governar numa situação em que tinha perdido as eleições nacionais. Os amigos de ocasião passarão assim aos eternos opositores, dispostos a lutar novamente contra aquele que os ajudou a ter igualmente, alguma visibilidade política. Mas não nos enganemos. Estamos longe das eleições e as polémicas estão agora a começar.
De facto, são várias as vertentes em jogo neste tabuleiro político. A iniciar está no centro Centeno, que se vê acossado pela oposição quanto ao problema da Caixa Geral de Depósitos e sua administração. É uma nódoa que se alastra e que pode não sair facilmente por mais que se lave o fino tecido em que caiu. Será que a ida à Comissão parlamentar para prestar esclarecimentos vai resolver alguma coisa? Afinal há cartas escritas e, segundo parece, o rabo está preso aí mesmo. Quem o irá soltar? Domingues acederá a esclarecer alguma coisa, entalando quem o tentou ajudar? É certo que Domingues fixou salários, incluindo o seu e Centeno aceitou. Há ou não acordos entre os dois? Terá de passar ainda muita água debaixo desta ponte para limpar as nódoas que se vislumbram. E não nos esqueçamos que ela alastra até Belém.
Mas se o PS continuar a subir nas sondagens e acabar por ganhar as eleições, é necessário prepararmo-nos para deixar de ouvir falar de benesses e passar a ter atenção aos cortes que se avizinham passando novamente a uma austeridade galopante. Sim, porque não há milagres a este nível na economia. Ou se tem para pagar, ou não se tem e nós não temos. Todos sabemos disso. A divida portuguesa é astronómica e iremos pagá-la durante os próximos cem anos. Parece muito? Pois parece. O Governo disse que vai entregar ao FMI uma tranche nas semanas próximas no valor de 1,6 mil milhões e até adiantou já os valores aproximados das próximas entregas. Com este ritmo de entregas anuais, levaremos cerca de 80 a 100 anos para liquidar a dívida. Claro que as coisas não se processam com esta simplicidade, pois admito que alguma coisa melhorará neste ciclo económico de crise. Mas são muitos milhares de milhões para pagar e a divida não pára de crescer diariamente. Quem vai herdar este fardo enorme? Parece, no entanto que, segundo informações do governo, já se pagou cerca de 42,5% do empréstimo inicial e a ser assim, talvez consigamos pagar tudo em menos tempo. Talvez! O que nos deixa um pouco descansados é que seremos sempre fiscalizados enquanto não chegarmos a um nível inferior a 200% da dívida. Já imaginaram? 200% da dívida! Uma enormidade.
Se, num laivo comparativo um pouco marginal, dissermos que em Lisboa todos os meses fecham cinco lojas comerciais históricas, isto não ajuda nada a resolver o problema da dívida.
Seja como for, podemos preparar tudo para a suposta vitória do PS nas próximas eleições, mas sem esquecer que se eles endividam cada vez mais o país, será bom que sejam eles a pagar essa dívida, porque estar à espera que outros venham pagar o que eles ficam a dever é pouco ético. É que, em terra de cegos, quem tem olho é rei. E os piores cegos…
Vendavais - Os piores cegos….
Luís Ferreira