Qua, 06/04/2005 - 11:10
A iniciativa, organizada pelo grupo Lhenga-Lhenga: Gaiteiros de Sendim e pelo Centro de Musica Tradicional Sons da Terra, pretendeu possibilitar o convívio entre os jovens gaiteiros dos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro e Vimioso, estimulando e premiando as respectivas capacidades interpretativas. Além disso, a organização quis sensibilizar o público para as diferentes formas de tocar em cada terra.
Para tal, cada gaiteiro interpretou duas músicas à escolha, sem qualquer tipo de acompanhamento com caixa ou bombo, sob o olhar de um júri composto por vários elementos ligados a tradição da gaita-de-foles. No final, João Ventura (Caçarelhos) venceu o primeiro prémio, seguido de Dinis Arribas (Sendim) e Jorge Delgado (Peredo de Bemposta), que foram contemplados com o segundo e terceiro galardões, respectivamente.
Segundo Henrique Fernandes, membro dos Lhenga-Lhenga e um dos mentores da iniciativa, este tipo de concursos serve para dar valor às capacidades dos mais novos como forma de os incentivar a tocar. “Muitos começam a tocar, mas depois desistem, e só com este tipo de iniciativas se pode dar estimular a futura geração de gaiteiros do Planalto Mirandês”, alega o tocador.
Na opinião do organizador, “é necessário dar estes impulsos para que os mais novos vejam que os gaiteiros mais velhos estão a dar o devido valor ao trabalho que estão a desenvolver”.
Belmiro Carção homenageado
Durante a iniciativa foi prestada homenagem a Belmiro Carção, recentemente vitimado mortalmente por um acidente com um tractor.
Atendendo ao trabalho que Belmiro Carção desenvolveu em prol da cultura sendinesa, o Centro de Música Tradicional Sons da Terra entregou à família uma cassete do filme “O Povo que Canta”, película rodada em Sendim pela RTP, em que o homenageado teve um papel preponderante.
Por parte da Junta de Freguesia foi oferecida a Medalha da Vila, ao passo que a associação Mirai Qu'Alforjas brindou os familiares com um quadro de Belmiro Carção vestindo a Capa de Honras Mirandesa.
Recorde-se que Belmiro Carção dedicou grande parte da sua vida a ensinar aos mais novos a secular dança dos paus, “para que a tradição não caia em saco roto”, como costumava dizer. Era bem notório o seu orgulho em ser Sendinês, sentimento que o levou a percorrer o País e o estrangeiro com “os seus” grupos de pauliteiros.