Prognósticos só…

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Hoje poucos se recordam do nome daquele futebolista autor da frase famosa – prognósticos só no fim do jogo – a alacridade da evidência tornou-a digna de figurar nos anais do anedotário jocoso, digna de entrara nessa irónica, sarcástica e satírica saída do prelo no início do século XVII, o Anatómico Jocoso. Vale a pena ler a grafia da época, no mínimo empanturramo-nos de riso castigador dos costumas de fidalgos lambuzes e outros que tais.

O acima escrito vem no propósito de, pese possuir parca informação colhida neste jornal e no jornal Mensageiro, escrever o prognóstico relativo ao próximo prélio eleitoral, sem o resultado ser conhecido contrariando o dito pelo jogador.

Penso estar encontrado o vencedor – Hernâni Dias – afirmo-o não por determinações do sentimento de amizade, sim porque por nás e nefas não vislumbrar candidato a colocar em causa a sua vitória.

 Ele prosseguiu a obra encetada por Jorge Nunes colocando o seu cunho pessoal nesse progresso, é afável e de bom trato mesmo nos momentos de confronto, procura conhecer a causa das coisas, ante reclamações não as enjeita, curialmente, explica-as segundo ditames plausíveis de forma o reclamante ficar emaranhado nas suas palavras. Já o vi sair-se airosamente de situações iradas logo irritadas de cidadãos descontentes por via do ruído aqui, do pavimento estalado acolá, do contentor a estalejar de lixo perto da casa dele.

A oposição dos pequenos partidos não lhe tirou e tira o sono, a junção dos contrários partidários é recorrente, as listas ditas independentes representam ressabiamentos, ciúmes, despeitos e invejas. Os resultados de tais representações funcionarão como acicate no próximo mandato. Disso não tenho dúvidas e se parafraseasse o ressuscitado Professor Cavaco Silva, acrescenta – raramente me engano – espero não me enganar desta feita.

A possível alternativa ao PSD era o Partido Socialista, digo era pelas seguintes razões:

  • Ao não debelar e cicatrizar a ferida fruto do gume da navalha a cortar cerce a recandidatura de Mota Andrade nas últimas legislativas levou a permanecer a pulsão de antagonismo interno originando a sulfurosa e silenciosa prudência da escola jesuítica.
  • A candidatura de Carlos Guerra produziu estupor nos íntimos de Mota Andrade, ficando estes a observar o «andar da carruagem» e a ver onde paravam as modas. As intenções concretizadas em decisões de Carlos Guerra levou a o Partido Socialista não ter conseguido construir listas em dezassete freguesias. É obra!
  • Obra negativa explicada nas colunas do Nordeste em sereno, todavia incisivo de Fernando Calado, educado na forma até na elucidação das componentes do seu desconforto, pontudo no decifrar a quebra da cadeia de afectos consolidada ao longo dos anos, destruída num ápice rompante ao modo do quero, posso e mando.
  • Contra factos não há argumentos, soe-se dizer, nesta matéria o não conseguir apresentar listas em quase dúzia e meia de aldeias é sinal de estonteante fraqueza, de frouxidão no trabalho preparatório, de muitas escusas e recusas à espera de melhores dias. Os que nada esperam sabem esperar!
  • O secretário de Estado Jorge Gomes, fiador de Carlos Guerra, deve estar arrependido de ter soltado numa entrevista a frase – O partido Socialista tem a obrigação de ganhar a Câmara de Bragança – na altura o optimismo reinava, depositando o governante grandes esperanças no candidato nascido em Freixo. Ora, grandes esperanças estão sempre ao nosso dispor no livro de Charles Dickens. Não o leram? Ganham se o fizerem.
  • No debate televisivo Guerra não foi feliz, exibiu toques e tiques de sobranceria de alto funcionário, relativamente à matricialidade imaterial vestida de história do concelho aos costumes disse nada numa perspectiva de tão notável património ser utilizado como alavanca de modernidade e desenvolvimento. Arquimedes não teria desaproveitado a ocasião.
  • Nada me move contra Guerra, nunca falámos à excepção de brevíssima troca de palavras no decorrer de uma exposição de produtos de Vinhais realizada há anos em Oeiras. Sei da sua ancestralidade da vila de Guerra Junqueiro, de ter casado numa respeitada e sonante família.
  • No meu parecer enquanto vivificar o antagonismo de António Costa a Mota Andrade nunca será possível reinar harmonia no seio do Partido a nível distrital. O «Zé Mota» soube construir a tal teia de afectos  que escapa a Guerra. No PSD sucedeu cisma igual há largos anos, na altura o bragançano Telmo Moreno soube romper a reia da estratégia da aranha (vejam o filme) e os muros dos antagonismos espúrios.
  • Pelo exposto o mau prognóstico é a vitória de Hernâni Dias, ele cerziu a lista levando em linha de conta o passado há quatro anos, levando em consideração a mudança de paradigma, no desejo de levar a carta a Garcia sem obstáculos de maior. No dia 1 de Outubro veremos se acertei ou me esbarrei fragorosamente.

Armando Fernandes

PS. Como é público e notório tenho vivaz estima por Hernâni Dias e Mota Andrade. Estimando-os, estimo primacialmente a liberdade de pensar e de o expressar.

Armando Fernandes