A Pedro Passos Coelho estão, insistente e repetitivamente a atirar-lhe à cara a sua desastrada previsão da vinda do diabo em setembro, sobretudo quando o governo geringonçal pôde apresentar resultados que, provisórios ou não, conjunturais ou definitivos, constituem autêntico hino celestial para os cidadãos em vésperas de se prepararem para a quadra festiva e consumista que se avizinha. Foi um erro grave do ex-primeiro ministro, sem dúvida. A sua incapacidade de antecipar o cenário que se aproximava uma evidência de um handicap sério para quem se prepara para regressar ao ringue da disputa para a liderança governativa. Também o é. Mas não são os mais graves nem os que mais o penalizam. Os seus erros e incapacidades não são de agora antes têm de ser procurados em tempos anteriores a factos que remontam a maio de 2010 quando o líder laranja pedia desculpa ao país pelas medidas do governo que não liderava. Nunca mais o fez apesar da aplicação, já da sua lavra, de muitas outras mais duras e dolorosas que depois veio a protagonizar. Não foi esse ato de humildade que o catapultou para a ribalta política lusitana. O seu primeiro erro foi exatamente esse. Não ter percebido a verdadeira razão pela qual foi o escolhido para liderar os destinos desta nação valente e imortal. E esta foi simples e clara. Em 2011, quando o resgate se tornou inevitável o antigo líder da juventude laranja veio dizer o que, obviamente, era necessário ser dito: que não tinha qualquer objeção em governar durante a intervenção do FMI. Ora se era o FMI que nos vinha evitar cairmos na bancarrota o que era necessário era uma chefia que encarasse essa situação de forma normal e natural. Coisa diferente e bem diversa era a vontade posteriormente revelada de ser mais papista que o papa demosntrando uma vertinginosa determinação de ir muito além da troica. Esse foi o seu segundo erro. Muitos outros se seguiram. A par disto veio o primeiro dos handicaps: a vitória nas legislativas acabou por se revelar mais fácil e concludente que o que era esperado. Isto privou-o da aprendizagem que as dificuldades e, ainda mais, os falhanços necessariamente trazem. É hoje uma verdade totalmente aceitável, nos cursos de empreendedorismo, mesmo na europa, já que nos Estados Unidos há muito que é um axioma: quem erra aprende melhor e de forma mais marcante. São vários os investidores que procuram e valorizam jovens talentosos que já tenham soçobrado numa ou várias iniciativas anteriores. Passos teve poucos revezes e chegou a primeiro-ministro sem, na verdade, ter harduamente trabalhado para isso. Foi fruto das circunstâncias. Aconteceu-lhe.
Tal como lhe “aconteceu” deixar de o ser depois de ter conseguido obter mais votos, para o projeto que liderava, do que o seu opositor. Depois dos vários erros cometidos no quadriénio em S.Bento, veio o erro maior e esse sim é o que nesta altura o atira para a cauda da apreciação dos portugueses. Decidir não apresentar uma única proposta durante a discussão do orçamento para 2016 foi-lhe fatal. Dizer que vem aí o diabo ou que estamos a caminhar para o abismo, passe embora o exagero, faz parte do papel reservado ao chefe da oposição. Qualquer coisa que corra mal poderá sempre dizer vêem como eu tinha razão? O problema é quando a coisa corre bem não ter uma única ação, um único gesto, um único contributo para poder também partilhar parte do sucesso, mesmo que não fosse fácil demonstrá-lo por a mais b. Ninguém o poderia impedir de reclamar que o que há de bom também se deve à atuação e participação do PSD.
OH DIABO!
José Mário Leite