Os 105 anos da Tia Maria João - Ser mulher ontem, hoje e amanhã!

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Ter, 07/03/2017 - 10:23


Olá familiazinha! Já estamos no mês de Março, que principiou com a Quarta-Feira de Cinzas, o início da Quaresma.
A Mulher, o Pai e a Primavera estão em destaque este mês: Dia 8 de Março é o Dia da Mulher; Dia 19 é o dia do Pai e a Primavera começa no dia 20.
Segundo reza o “Seringador” para este mês, deve-se semear milho, trigo de primavera, cevada, luzerna e outras forragens, linho, abóboras, alfaces, beterraba, cenouras, ervilhas, espinafres, feijões, melancias, melões, nabiças, rabanetes, salsa, tomates e pepinos. Plantar ou transplantar: batatas, cebolas, couves e espargos. Colher cebolas brancas e cebolinhos, rabanetes e azedas.
Preparar as terras para o milho e a batata de regadio e nas regiões com menos geada semear trigo, aveia, centeio e cevada. Preparar as estacas para feijões e ervilhas.
Concluir as trasfegas aproveitando para isto o tempo seco e sem grandes variações de temperatura. Prosseguir ou terminar o engarrafamento dos vinhos.
Este é um dos meses com maior actividade no que a sementeiras e plantações diz respeito.
Nesta edição comemoramos os 105 anos da Tia Maria João (Marquinhas) e também a crónica de Elsa Fernandes sobre o ser mulher.

 

Nos últimos 50 anos o papel da mulher na sociedade foi-se alterando gradualmente e poder-se-ia mesmo dizer que deu uma volta de 180 graus, ou seja, actualmente está, nada mais nada menos, que de pernas para o ar! Senão vejamos.
Se antigamente a mulher trabalhasse fora de casa para auferir um salário, não seria vista com bons olhos pela sociedade: “Já quer ser como os homens!”; “ O marido não presta para governar a casa!”.
Hoje em dia se a mulher por opção decidir não trabalhar fora de casa para cuidar dos filhos e da casa é vista como incapaz ou até mesmo como preguiçosa – “Não consegue arranjar trabalho!” E até o homem se arrisca a ficar mal visto por ser ele a única fonte a contribuir para o “ganha-pão” da família.
Ganhamos ou perdemos com esta evolução? Ou deveríamos antes chamar-lhe transformação?
Perdeu a mulher, destruiu-se a família, de­teriorou-se a sociedade!
Perdeu a mulher porque se encontra com a pressão social de ser capaz de estar dentro e fora de casa. Assim, à mulher hoje é-lhe exigido ter uma profissão, muitas das vezes carreira profissional que exige um desenvolvimento e esforço contínuo e concomitantemente estar a altura dos desafios da família, incluindo arrumação e limpeza da casa e da roupa, o planeamento e confecção das refeições e ainda ajudar os filhos a conseguir o potencial máximo de crescimento desenvolvimento.
Destruiu-se a família porque perdendo a mulher em tempo e paciência para educar os filhos, essa função é deixada para o pai que, claro, faz o melhor que pode, mas não tendo sido ele próprio preparado pela sociedade/ família para essa função deixa muitas vezes essa tarefa para os avós, que não sentem responsabilidade na imposição das regras e limites como sentiram para os seus próprios filhos.
E foi assim que se deteriorou a sociedade! Sim, é na falta de limites e regras, ou seja, na incapacidade dos pais para dizer NÃO aos filhos, que tem origem os problemas mais marcantes nos jovens de hoje. Por estarem demasiado cansados e não conseguirem lidar com o sentimento de culpa de transferir a função da educação dos próprios filhos para terceiros, os pais demitem-se da tarefa de impor limites aos filhos. “Estive todo o dia fora de casa não vou agora passar 30 minutos que tenho com o meu filho a fazê-lo chorar!”
Como evoluirá o papel da mulher amanhã? Se quisermos uma sociedade sã e ao mesmo tempo quisermos mulheres com carreira profissional e um papel activo na sociedade, temos duas opções: ou um membro do casal (homem ou mulher) é capaz de interromper ou desacelerar a carreira profissional pelos anos preciosos e mais importantes da formação dos valores nos filhos (e até a idade escolar) ou a decisão de não ter filhos deve ser considerada seriamente.
Urge que o papel da educação dos filhos regresse aos pais e isso implica tempo! Esse tempo que não há dinheiro que pague!
Ser mulher amanhã será possivelmente su­perar o desafio de conciliar força e sensibilidade. Desdobrar-se em mil, superar-se e reinventar-se. Não temer desafios e continuar a ver as belezas e subtilezas da vida. Conquistar seu espaço dentro e fora de casa e lutar, permanentemente, por igualdade.

Elsa Fernandes