Perguntas que alguém saberá responder porque eu não tenho ideia nenhuma

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Outro enigma que não se me apresenta resolúvel é o que diz respeito à venda do BPN. Todos sabemos que o BPN foi vendido ao banco BIC por 40 milhões de Euros umas semanas depois de o Estado ter injetado nele 700 milhões. Parece um negócio das Arábias, só que às avessas. É evidente que isto não pode ser o que parece. Possivelmente o procedimento nem estará mal de todo, a ver pelas reações das oposições. Mas o negócio visto como nos é dado ver, foge a qualquer lógica, não tem nada de racional. Ora uma vez que fomos nós que pagámos este “fòrróbòdó” financeiro cumpria aos intervenientes no processo, Governo, partidos, Banco de Portugal e também aos “gurus” da Economia e aos comentadores políticos, uma explicação sobre os estranhos mecanismos da referida transação.
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A Comunidade Europeia tinha tudo para começar bem e assim foi. Saídos da Guerra, cheios de espirito solidário, com tudo por fazer e com o dinheiro do plano Marshal, bom, tudo eram flores. Mas mal surgiram problemas económicos em alguns dos seus membros logo acabou o espirito solidário. Todos nos lembramos das proclamações, quase delatoras, “não somos como a Grécia!”, não somos como Portugal!” etc, numa tentativa de sacudir para longe um vizinho incómodo. E a nós, que nunca atingimos, sequer, a média Europeia foi-nos dito, em tom ameaçador, que já tínhamos gasto demais. Então entrámos para ficar em que lugar?
( falo na média dos 27, já nem falo da média dos 12 que era o número de países da Comunidade quando a integrámos)
Com o problema dos refugiados, em parte criado pela própria Europa, assiste-se a comportamentos muito díspares e alguns inenarráveis. A Europa finalmente perdeu o verniz e mostrou a razão primeira que presidiu à sua criação. E a razão é a de evitar que haja guerra dentro da Europa (fora dela pode haver e até se podem promover) confiando na sabedoria popular que “gatos no saco não se guerreiam”. E tem conseguido este objectivo, o que não é pouco, convenhamos. Porque de resto, está-nos a falhar em todos os domínios. (Aliás, tenho para mim que quando um grande propõe sociedade a um pequeno, se a coisa dá para o torto, já sei quem se lixou.)
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  A lógica capitalista que nos rege, e não temos alternativa, exige um crescimento económico de x por cento para criar emprego e para melhorar as condições de vida dos cidadãos. Por outro lado para um país crescer tem de haver investimento, logo endividamento. E o endividamento, assim, cresce inexoravelmente. Até quando? Mas o crescimento económico assenta na produção e a produção tem o seu próprio limite, não pode crescer indefinidamente. E a pergunta, é: quando esse limite for atingido, que é que vai acontecer?
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Outro dos meus assombros é o facto de todos os Países do mundo terem dívida pública. Até os Países Árabes exportadores de petróleo, outrora autênticas tesourarias do Mundo, têm dívida pública. A dívida pública mundial tem números absolutamente astronómicos (no caso Português, só os juros da dívida pública é tanto como o que é gasto no Serviço Nacional de Saúde). Não existe no mundo esse dinheiro. Curioso é não existir o dinheiro da dívida mas existir dívida. Quem é o enigmático credor de todos os Países? Quem é o estranho credor dessa montanha de dinheiro? Quem é este credor que não obstante a gigantesca dívida a haver, além de não ter falido ainda tem capacidade para conceder mais créditos, penso, até, que indefinidamente. Os Estados criaram as suas próprias sanguessugas? Em que sinistra teia estamos enredados?
Marx vaticinou que “o capitalismo gera os genes da sua própria destruição”. Será verdade? Não sei, mas não sinto grande segurança.

Por Manuel Vaz Pires