SALSELAS homenageia médico João Gonçalves

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Ter, 13/09/2005 - 15:22


A Junta de Freguesia de Salselas decidiu homenagear o médico João Gonçalves, que prestou serviços de saúde durante vários anos naquela aldeia do concelho de Macedo de Cavaleiros.

A jornada começou com uma arruada pela Banda 25 de Marços, de Lamas, pelas ruas da localidade, seguindo-se uma missa cantada em memória do homenageado. Um dos pontos altos da cerimónia foi o descerramento de um busto em honra de João Gonçalves, na presença da sua filha, Amélia Gonçalves Vila Boas, e de outros familiares. No mesmo local foi inaugurado um painel de azulejos com cenas tradicionais, junto à fonte de mergulho dos “Engaranhados”.
Antes do Porto de Honra que encerrou a homenagem, o presidente da JFS, Dinis Sarmento, explicou o significado da homenagem, seguindo um discursos sobre João Gonçalves, a cargo de António Cravo.
O médico agora recordado nasceu em Vale de Nogueira (Salsas - Bragança), em 1902, mas é considerado - e considerou-se ele próprio - o "filho adoptivo de Salselas". Com apenas 25 anos, o recém-licenciado em Medicina começou a exercer o cargo de sub-director e médico da Colónia Correccional de Izeda. Exercia, também, medicina no sul do concelho de Bragança e em parte dos concelhos de Vimioso e Macedo de Cavaleiros.
João Gonçalves acabou por casar em Salselas em 1934. Para além de ser o médico da aldeia, contribuiu para a melhoria das condições de vida da localidade.
A ele se deveu a introdução de água canalizada em Salselas, bem como a trasladação das sepulturas do interior da igreja matriz para o cemitério público.

Luz e telefone

Em 1953, a acção sócio-política do médico permitiu a instalação da linha telefónica e da luz eléctrica na aldeia. Na década de 60, contribuiu para que se construísse a estrada municipal de Salselas. Foi nessa data que se edificaram, também, os lavadouros públicos, por influência de João Gonçalves. O médico ofereceu, ainda, uma parte do terreno onde foi construída a Escola Primária de Salselas.
Quem se recorda do clínico, diz que as consultas do "senhor doutor" eram, a maior parte das vezes, gratuitas, principalmente se se tratava de famílias humildades. Estas, por sua vez, pagavam os favores médicos com horas ou dias de trabalho agrícola na casa de João Gonçalves, como na malha.
A vida de lavrador e de médico era complementada com a escrita. João Gonçalves escreveu diversas obras, como "Estigmas de degenerescência de menores delinquentes anormais", "Protecção da criança contra a tuberculose", "Vida e coisas da vida, 1963", "Notas de um médico esquecido", "Izeda - Centro de recordações e saudade" e "Retalhos da vida transmontana, 1981", entre outros.
O escritor izedense Rúl Morais escreveu sobre este médico: "procura aconselhar as pessoas , através de ensinamentos úteis à prevenção de certas doenças, numa atitude de voluntarismo , detentora de uma alma solidária (...).