Politécnico investiga montanha

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Ter, 12/07/2005 - 15:29


Os problemas de desertificação do Mundo Rural são o principal alvo do Centro de Investigação de Montanha (CIM) que foi criado pela Escola Superior Agrária (ESA) do Instituto Politécnico de Bragança (IPB).

O espaço, criado há cerca de um ano nas imediações da ESA, conta com o trabalho de 70 professores, 30 dos quais doutorados.
A tarefa destes investigadores passa por estudar as principais fragilidades do Mundo Rural e encontrar alternativas para dinamizar as aldeias que nasceram nas encostas da montanha.
O CIM, o único no País a dedicar-se às zonas acima dos 700 metros de altitude, tem em curso cerca de 20 projectos, que englobam as vertentes de agro-sistemas, eco-sistemas e sociologia rural.
Para já, a agricultura do Nordeste Transmontano tem sido a área privilegiada pelos investigadores, que já encontraram várias soluções para reavivar esta actividade característica.
Segundo o vice-coordenador do CIM, Miguel Vilas Boas, o incentivo à prática da agricultura biológica tem sido um dos conselhos dos estudiosos, após a realização de diferentes análises ao meio.
Neste momento, a aposta nos produtos biológicos já está a ser implementada na aldeia de Milhão, no concelho de Bragança.

Agricultura biológica é o futuro

“Esta metodologia ainda não existia na região. Contudo, em Milhão os apicultores já aderiram a esta prática”, enaltece Miguel Vilas Boas.
Para além do mel, o azeite biológico também é um produto, que segundo os investigadores, deve proliferar na região, uma vez que “estão reunidas as condições necessárias para rentabilizar esta produção”.
Os problemas relacionados com o cultivo do castanheiro, nomeadamente a doença da tinta, a exploração do freixo e a avaliação da produção e da qualidade da carne mirandesa também são áreas onde existem projectos de investigação em curso.
De acordo com o vice-coordenador do CIM, grande parte dos resultados dos estudos levados a cabo são aplicados no terreno. “Nós criamos parcerias, sobretudo com associações, para fazer chegar a ‘inovação’ junto dos produtores”, acrescenta o responsável.
O coordenador do CIM e presidente do IPB, Dionísio Gonçalves, acrescenta que “a agricultura de jardim”, que é praticada nas zonas de montanha é uma mais valia para fomentar o turismo nessas áreas. “Na região transmontana temos parques naturais, como é o caso do Parque Natural de Montesinho e do Parque Douro Internacional, que têm as condições necessárias para apostar nesta actividade”, acrescentou o responsável.

Projectos financiados

O CIM recebe uma verba fixa para o seu funcionamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia. Contudo, esta ajuda financeira não é suficiente para desenvolver todos os projectos de investigação.
Segundo Miguel Vilas Boas todos os planos de investigação em curso têm uma parceria, com vista ao financiamento, com diversas entidades, quer públicas quer privadas, para que os estudos possam ser uma realidade.
Dionísio Gonçalves salienta a debilidade e o abandono em que se encontram as zonas de montanha, não só da região transmontana, como de todo o País, para justificar a importância deste espaço no IPB.
“Noutros países da Europa, como é o caso da Alemanha, as áreas de montanha estão desenvolvidas. Além disso, também existe um grande conhecimento científico sobre as formas mais adequadas para o Homem se mover nestes locais e a maneira mais apropriada para se rentabilizarem os solos”, sublinha o responsável.
Adequar os moldes estrangeiros à realidade do nosso País faz parte da meta dos investigadores do CIM, que estendem o seu trabalho às áreas de montanha de Norte a Sul de Portugal.
Dionísio Gonçalves enfatiza, ainda, a importância deste projecto, que para além de se manter em contacto com outros Centros de Investigação do País, também tem uma vertente internacional, que acaba por projectar o trabalho dos docentes da ESA.