“Os fogos previnem-se”

PUB.

Ter, 17/05/2005 - 17:15


A entrevista com Álvaro Barreira, que hoje é publicada neste jornal, deixa no ar a sensação de que Portugal andou para trás no sector da Floresta.

De facto, não há razões para acreditar no contrário. Se há uns anos atrás a floresta portuguesa estava dividida em cantões, devidamente vigiados e limpos por funcionários que estavam permanentemente no terreno, hoje há muita mata para limpar, inclusive nas zonas protegidas.
E, tanto se andou para trás em matéria de prevenção de fogos, que as próprias casas da floresta existentes na região (e no País) continuam votadas ao abandono. Não há maneira de as recuperar, nem mesmo para servirem de unidades de apoio às brigadas florestais que são criadas sazonalmente para limpar as matas transmontanas.
Antes não era assim, recorda Álvaro Barreira, dando conta das brigadas que andavam no terreno o ano inteiro, porque “os fogos não se combatem, previnem-se”. Era nessas casas da floresta, hoje decrépitas, que viviam os funcionários dos Serviços Florestais e respectivos familiares, vigiando e cuidando da floresta 365 dias por ano.
Hoje gasta-se rios de dinheiro para montar um dispositivo que começou a funcionar anteontem e terminará no final do Verão, quando a época de fogos amainar. Depois, “arruma-se a tralha” e volta-se a montar tudo no próximo ano. Se houver seca, até será mais cedo, mas nunca permanentemente. E, se os fogos se adiantarem, como aconteceu em Março passado, “reze-se à Santa Bárbara”, porque há corporações que continuam dependentes do voluntariado e, antes de ser montado o dispositivo de combate a incêndios, não têm grupos de intervenção permanente para dar resposta aos alertas. Nestas alturas, resta deixar arder, porque não há homens suficientes para acorrer a todos os focos de incêndio. Assim será até que todas as corporações da região não tiverem Grupos de Primeira Intervenção, tal como acontece na corporação de Bragança.
Do novo secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, espera-se resposta cabal a este anseio dos soldados da paz.