A minha primeira vez

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Ter, 03/05/2005 - 17:34


Tinha eu 12 anos, quase a fazer 13, quando experimentei a heroína. Havia já algum tempo que via uns movimentos estranhos na zona onde vivia.

Com a curiosidade à flor da pele, fui ver o que se passava.
Chegando à entrada, eu não sabia que tipo de drogas se vendia ali, mas mesmo assim bati à porta. Passados alguns segundos veio à porta uma rapariga e perguntou o que eu queria?
Eu respondi que queria uma cena. Ela, sem hesitar, respondeu que não.
Eu insisti e disse-lhe que, se não me vendesse, alguém viria no meu lugar.
Ela ficou um pouco em silêncio mas, no final, disse para entrar.
Eu entrei sem olhar para trás.
Dentro da casa levou-me para a sala de estar e disse “senta-te aí, que eu já venho”.
Esperei cerca de 5 minutos, ela veio com um pacote e perguntou-me:
“É a primeira vez?”.
Respondi que sim e ela disse: “não te metas nisto, só vais destruir a tua vida.”.
Eu não liguei às suas palavras e comecei a reparar nos dois rapazes que estavam sentados ao meu lado.
Um deles estava meio dormido e o outro estava a fumar numa prata.
Eu comecei a preparar um bocado de estanho para fumar a minha primeira cena.
A primeira inalação soube mal, mas logo depois já não sentia nenhum sabor. Senti, sim, uma sensação indescritível.
A partir desse dia comecei a consumir cada 15 dias, até que passei a consumir todos os dias.
E, assim, quando dei por ela já estava mais um toxicodependente.
Mas hoje em dia estou a fazer tratamento e já lá vão 2 anos sem tocar na heroína. Estou com força para continuar assim.
E espero que quem leia esta história tenha um pouco de consciência para não seguir o mesmo caminho da toxicodependência e leve uma vida saudável.

Pois, como refere Camões, “porque mudando-se a vida se mudam os gostos dela”.

H.R.