MACEDO debate investimentos perdidos

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Ter, 03/05/2005 - 17:23


O debate em torno de investimentos perdidos marcou última sessão da Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros, que decorreu na passada sexta-feira.

A bancada do PS, pela voz de Acácio Espírito Santo, quis saber qual foi a interferência da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros no desinteresse dos Hospitais Privados de Portugal S.A. (HPP) em investir naquela cidade.
Recorde-se que aquela empresa de saúde privada, ligada ao Grupo Caixa Geral de Depósitos (CGD), chegou a ponderar a criação duma unidade hospitalar em Macedo de Cavaleiros.
O corpo clínico começou a ser formado no ano passado, tendo em vista a criação duma unidade capaz de dar resposta a todo o distrito ao nível dos meios complementares de diagnóstico e das operações cirúrgicas. Ao que o Jornal NORDESTE apurou, tratar-se-ia de “uma estrutura pesada” vocacionada para responder às carências do distrito num curto espaço de tempo.
Em resposta ao desafio de Acácio Espírito Santo, o presidente da CMMC, Beraldino Pinto, limitou-se a dizer que teve conhecimento das intenções dos HPP e que se limitou a disponibilizar o apoio da autarquia.
Após os primeiros contactos, a empresa do grupo CGD acabou por deixar cair o projecto, em Outubro de 2004, alegando que a região transmontana não está na lista de investimentos prioritários dos HPP.

Ressonância em vez de TAC

O facto do aparelho de Tomografia Axial Computorizada (TAC) existente no Hospital Distrital de Macedo de Cavaleiros (HDMC) pertencer a uma empresa privada foi outro dos assuntos que aqueceu a Assembleia Municipal.
Acácio Espírito defende que a administração do HDMC tem obrigação de explicar aos contribuintes “que negócio foi feito e com que custos”.
Tal como o Jornal NORDESTE noticiou na edição de 1 de Março passado, os serviços de TAC foram adjudicados ao Instituto de Radiologia de Bragança.
Passados dois meses, o deputado municipal alega que, “até há bem pouco tempo, o aparelho de TAC não estava a funcionar”, apesar do prazo de entrega que consta do concurso para a contratação do serviço ser de 14 dias. “Havia outras empresas que concorreram e que estavam dispostas a pôr o TAC a funcionar no mais curto espaço de tempo e que se propunham a contratar um médico radiologista em permanência”, revelou Acácio Espírito Santo.
Outra das críticas do membro da bancada socialista prende-se com a eficácia do TAC em comparação com um aparelho de Ressonância Magnética. “Não há um médico que prefira um TAC à Ressonância Magnética, pois esta confere uma fiabilidade muito maior”, recorda o deputado municipal.

Unidade da Coca-Cola?

Segundo o elemento do PS, “já que o Hospital de Macedo contratou o serviço a uma empresa, deveria ter apostado num exame de referência”.
A resposta de Beraldino Pinto não se fez esperar. “Acho que se anda a falar na Ressonância Magnética só para desvalorizar o que já temos”, considera o autarca.

De qualquer forma, o edil entende que o município “deve fazer ‘lobbie’ para conseguir um aparelho de Ressonância Magnética com o respectivo pessoal”.
Um hipotético investimento da Coca-Cola na zona industrial de Macedo de Cavaleiros e a transferência dos serviços da Mercedes para Bragança também não deixaram a Assembleia Municipal indiferente. Em relação à multinacional americana, Beraldino Pinto disse desconhecer “qualquer intenção e abordagem da empresa nesse sentido”. No que respeita à Mercedes, o edil recorda que o concessionário decidiu concentrar os serviços em Bragança, “numa lógica de estratégia empresarial que nada teve a ver com a gestão do município”.