Irregularidades na Misericórdia de Alfândega

PUB.

Ter, 21/06/2005 - 14:54


A fiscalização efectuada à Santa Casa da Misericórdia de Alfândega da Fé (SCMAF) detectou várias irregularidades na contabilidade da instituição, nomeadamente “documentos contabilísticos sem suporte legal”, incluindo um “contrato de trabalho fictício com Cármen Lopes”, a esposa do antigo economista da instituição.

A inspecção, levada a cabo pelo Instituto de Solidariedade e Segurança Social, após a denúncia feita por alguns trabalhadores, em 2002, debruçou-se sobre a realidade económico-financeira daquela Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS).
Durante as averiguações foram detectadas várias anomalias na gestão contabilística da SCMAF, nomeadamente “pagamentos a funcionários e a prestadores de serviços da instituição não declarados para efeitos de Segurança Social”.
De acordo com o relatório final, esta IPSS é devedora à Segurança Social de contribuições no valor de cerca de 69 mil euros.

Funcionária com contrato fictício

O documento fala, ainda, de um contrato fictício com Cármen Costa, uma funcionária remunerada, que não se encontrava na instituição. Perante este facto, que “constitui contra-ordenação prevista e punida”, foi elaborado um auto de notícia.
Face ao cenário encontrado, o documento conclui que “a gestão levada a efeito pelos actuais corpos gerentes se tem traduzido na prática reiterada de actos, que implicam prejuízo para o Estado”. Esta situação é considerada “inadmissível”, uma vez que “a actividade social é realizada com a comparticipação do próprio Estado, numa verba mensal que ronda os 53 mil euros”.
A inspecção foi, também, alargada a lares e centros de dia dependentes da SCMAF, onde foram detectados vários problemas de funcionamento, nomeadamente falta de dispositivos de sinalética, detectores de incêndio e, até, falta de higiene.
Confrontado com a informação deste relatório, o provedor da instituição, João Carlos Figueiredo, desdramatiza a situação e garante que “as irregularidades já estão todas sanadas”.

Provedor admite irregularidades

O responsável, que também é presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, acrescentou que a dívida à Segurança Social já foi regularizada, o que custou à Santa Casa cerca de 150 mil euros.
O provedor admite estas irregularidades, mas garante que não tinha conhecimento do que se estava a passar dentro da instituição.
“O grau de exigência à contabilidade das IPSS aumentou e na nossa instituição este problema contabilístico prende-se com a insuficiência da capacidade técnica, visto que o nosso trabalho assenta no voluntariado”, salientou Carlos Figueiredo.
O responsável fala ainda do contrato fictício com Cármen Costa e diz tratar-se de um erro. “O contrato tinha apenas uma formulação inadequada, visto que Cármen Costa prestava serviços à instituição”, acrescentou.
Segundo o provedor, esta situação não vai trazer mais problemas à Misericórdia de Alfândega, uma vez que, para além da situação financeira já estar regularizada, as obras nos lares e centros de dia também já estão concluídas.