Intercéltico junta milhares

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Ter, 09/08/2005 - 16:40


A sexta edição do Festival Intercéltico de Sendim coincidiu com dois dias de enchente, em especial na noite de sábado.

Com o bilhete vendido a 10 euros e os convites reduzidos ao mínimo, o Centro de Música Tradicional Sons da Terra (CMTST) e a Associação Mirai Qu´Alforjas ganharam a aposta quando ousaram organizar o festival mais caro de sempre em termos de grupos contratados.
A qualidade assim o obriga, garante o director do CMTST, Mário Correia. “A ideia é surpreender o público e apostar na qualidade para vencer a batalha da divulgação”, considera o responsável.
Na noite de sexta-feira nem o facto dos espectáculos terem começado com uma hora de atraso retiraram brilho às actuações de Um (Portugal), Xosé Manuel Budiño e La Bruja Gata, ambos de Espanha.
O primeiro a subir ao palco foi Budiño e a sua trupe, que protagonizaram a melhor actuação da noite. Vindo da Galiza, aquele que é um dos mais conceituados gaiteiros na Península Ibérica ombreou com a mestria dos madrilenos La Bruja Gata, mas a alma galega conseguiu levar a melhor.

Licor Celta

A poucos metros do palco, o Licor Celta (bagaço com açúcar e ervas aromáticas) ia fazendo as honras da Capital das Arribas, ao passo que as gentes de Sendim se encarregavam de vender artesanato e doçaria caseira.
Enquanto se circulava junto às barraquinhas ouvia-se falar espanhol, invariavelmente, pois “nuestros hermanos” já são presença assídua no Festival. Mário Correia salienta a importância do mercado ibérico para justificar a presença dos grupos vindos do outro lado da fronteira. “Uma parte fundamental da dinâmica deste festival deve-se à presença de gentes vindas das mais diversas províncias e comarcas da vizinha Espanha, pelo que a programação musical nunca deixou de procurar potenciar estas relações de proximidade”, explicou o organizador.
O mesmo não se pode dizer do público transmontano, que ainda não agarrou o festival com “unhas e dentes”, como sucede com os visitantes fiéis doutras zonas do País, que regressam a Sendim todos os anos. “O festival ainda não venceu na região, mas penso que daqui a dois ou três anos vamos ter a adesão que queremos”,
Esta situação, contudo, pode estar a mudar, dado que na noite de sábado era notória a presença de inúmeros participantes oriundos de Bragança.

Novo espaço

Um dos grandes atractivos do evento é a Taverna dos Celtas, um espaço de celebração colectiva onde a festa acaba quando o sol já espreita. Com “Sandes Celtas” e copos à mistura, grupos de gaiteiros prolongam a animação, reforçando o papel de Sendim como ponto de encontro anual das tribos da folk. Este ano não foi excepção.
Para o ano, o festival vai trazer novidades. Fruto da construção do pavilhão gimnodesportivo na Escola EB 2,3 de Sendim, os espectáculos foram transferidos para o Parque das Eiras, que em breve sofrerá obras. O objectivo é criar um parque de festas, festivais, feiras e exposição, a par duma zona de lazer e estacionamento.
“Conseguir-se-á um espaço criado de raiz para o festival e não só, que não vai deixar ficar mal as pessoas que, desde a primeira hora, acreditaram neste projecto”, considera o presidente da Associação Mirai Qu´Alforjas, Telmo Ramos.
Depois de Sendim, os amantes da folk podem rumar a Mogadouro, onde hoje decorre a I Noite Celta. Além dos Pauliteiros da vila e de Valcerto, os Lhenga-Lhenga (Sendim) e dois grupos espanhóis compõem o cartaz delineado por Mário Correia.