Ilusões?

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Ter, 28/06/2005 - 19:03


Estávamos no final da década de 90 quando o então ministro das Obras Públicas, João Cravinho, anunciava o início de um conjunto de estudos para reactivar o troço da linha do Douro, entre Pocinho e Barca d´Alva.
Nos anos 2000 e 2001, o projecto volta a dar que falar, seja pela voz dos governantes ou dos responsáveis da CP e REFER, que anunciam estudos e mais estudos, quase sempre de viabilidade.
Passaram quase dez anos e a única coisa visível a olho nu são edifícios que fazem parte do complexo ferroviário de Barca d´Alva, que se degrada a cada ano que passa.
A estação de Almendra, no troço desactivado em 1990, retrata bem o que terá de ser feito para reactivar o caminho-de-ferro entre o Pocinho e Barca d´Alva. A paisagem é de cortar a respiração. Ali o Douro forma uma espécie de concha e nada consegue quebrar a harmonia entre o canal ferroviário, o rio e a estação. Lamentavelmente, o mato cobre os carris e a gare, pelo que qualquer tentativa de reactivação implicará grandes gastos de dinheiro.
Agora, uma parceria entre autarquias, Instituto de Conservação da Natureza, Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) e REFER fazem crer que o turismo vai salvar o que resta de Barca d´Alva. E, durante alguns anos vamos todos acreditar neste projecto.
Tem sido assim. Anunciam-se as intenções através da comunicação social, mas depois falha o essencial, que é o financiamento e o entendimento entre as entidades envolvidas. Mais tarde, quando a comunicação social repara que, afinal, tudo não passou de intenções, atiram-se culpas de parte a parte, para que todos possam ser desresponsabilizados de um projecto falhado.
Oxalá que desta vez não seja assim. É que é nestas alturas que a missão da comunicação social é ingrata. Dá-se voz a projectos que nunca chegam a conhecer a luz do dia, iludem-se as populações e promovem-se intenções que não passam disso mesmo. Enfim, se as promessas fossem obras, a região já não precisava de mais nada.