Exercício físico e perda de gordura: A cardio confusão… (I)

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Ter, 17/05/2005 - 17:12


No último artigo abordei os aspectos relacionados com a alimentação, esclarecendo a importância que esta tem para a saúde em geral, apontando-a como elemento número um no combate ao excesso de gordura corporal.

Mas há um segundo elemento que, em parceria com uma alimentação saudável e equilibrada, contribui, de forma decisiva, no combate ao excesso de peso. Falo do EXERCÍCIO FÍSICO.
Quando bem planeado, o exercício físico é, de facto, uma "arma" muito importante a usar neste combate. Tonifica a musculatura e aumenta o ritmo metabólico aumentando, assim, o consumo de calorias. Contudo, mais importante que a quantidade de actividade física que se possa efectuar, é o tipo de e a frequência do mesmo em relação com o regime alimentar.
O corpo é um mecanismo complexo. Quando nota que está a "passar fome", por diminuição do consumo de calorias ou pelo aumento da actividade (mesmo que o consumo de calorias seja normal), reage, conservando gordura e não perdendo.
A primeira coisa que indivíduo faz, quando se inscreve num ginásio, para ter uns abdominais marcados e "encolher", é fazer abdominais até á exaustão para alcançar esse "sonho" o mais rápido possível. A questão aqui é que sem que isso esteja de todo errado, simplesmente não é o mais apropriado.
Efectivamente as contracções abdominais fortalecem e tonificam os músculos abdominais, mas fazem muito pouco (para não dizer mesmo nada) para eliminar a gordura que os cobre. Fazer abdominais durante 30 minutos ininterruptamente é tarefa de "titãs" e missão impossível para um principiante. Além disso, terá queimado umas 130 / 160 calorias, ao passo que em igual período a andar numa passadeira ou numa bicicleta, teria gasto 200 / 250. Conclusão, o exercício aeróbio de baixa intensidade consome mais calorias logo mais gordura. É esta a opinião daqueles que pensam (erradamente na minha opinião) que o cardio, por si só, é mais eficaz para controlar a gordura corporal do que o treino com pesos. E acreditam nisto por duas razões:
1º - O exercício aeróbio utiliza, basicamente, gordura como combustível, enquanto o trabalho com pesos usa o açúcar acumulado;
2º - 45 minutos de exercício aeróbio, dentro das pulsações adequadas, consomem mais calorias totais que a mesma quantidade de treino com pesos.
É certo. O corpo usa os depósitos de gordura como combustível durante a actividade aeróbia. Mas primeiro consome os depósitos de glicogenio acumulado (no sangue, no fígado e nos músculos). Durante os primeiros 20 minutos de exercício aeróbio, a uma intensidade de 65 % da F. C. M. os estudos demonstram que o corpo usa, sobretudo, hidrato de carbono (açúcar). Só quando esta fonte de energia for esgotada, é que o corpo recorre às reservas de gordura.
Também é certo que 45 minutos de exercício aeróbio queimam mais calorias que o mesmo tempo a trabalhar com pesos (a igual intensidade); só que quem trabalha com pesos desenvolve massa muscular e isso eleva o ritmo metabólico (quantidade de calorias que o corpo gasta por dia em repouso). Estima-se que por cada kg de músculo ganho, o corpo gasta mais 100 a 200 calorias por dia. Isto quer dizer que uma pessoa que aumente 5 Kg de músculo, está a criar condições de gastar 500 a 1000 calorias mais por dia; ou seja 3500 a 7000 por semana. O amigo leitor está a ver onde quero chegar? Não? É muito simples:

(Continua no próximo número)