Betão embarga Centro de Saúde

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Ter, 31/05/2005 - 15:55


A construção do novo Centro de Saúde de Mirandela foi embargada, após terem sido detectadas irregularidades no betão que estava a ser aplicado na empreitada.

As deficiências na composição do betão e na estabilidade da estrutura foram encontradas pelos serviços de fiscalização da Câmara Municipal de Mirandela (CMM), apesar do Ministério da Saúde (MS) ter contratado uma empresa da especialidade para acompanhar os trabalhos.
O presidente da CMM, José Silvano, lamenta que as irregularidades tenham sido detectadas pelos técnicos da autarquia e não pela empresa fiscalizadora. “O MS está a pagar largos milhares de euros a uma empresa da especialidade que tem por obrigação acompanhar, no dia a dia, o desenvolvimento da obra e ver as suas dificuldades, mas teve de ser a fiscalização da Câmara a dar conta que o betão não tinha as características definidas no caderno de encargos”, revela o edil.
O autarca recorda que, numa acção de fiscalização de rotina, os técnicos camarários notaram que o betão não oferecia as condições de rigidez exigidas. Confrontada com a anomalia, a edilidade embargou os trabalhos e pediu ao empreiteiro para rectificar as situações irregulares.

Trabalhos já recomeçaram

Após uma nova vistoria, os trabalhos já recomeçaram, mas José Silvano aponta o dedo à empresa de fiscalização. “O que é triste é que tivessem de ser os técnicos da Câmara a dar conta dos problemas, porque a empresa da especialidade não estava a acompanhar a obra como devia”, sustenta o autarca.
Na opinião do autarca, a Câmara deve fiscalizar a construção do Centro de Saúde a título suplementar, “sem que técnicos estejam a desconfiar de técnicos”. Se assim não fosse, alega José Silvano, “o Ministério não precisaria de estar a pagar largos milhares de euros à empresa que faz a fiscalização”.
O assunto já gerou críticas da parte da Comissão Política Concelhia do CDS-PP que, no órgão partidário “Voz Popular”, diz que a nova unidade de saúde corre o risco de ruir.
“Os resultados do laboratório da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro são de extrema gravidade, pois concluem que existem pilares onde foi aplicado betão sem a devida resistência”, alegam os vereadores populares.

Graves deficiências estruturais

Quanto às soluções encontradas, o CDS-PP revela que “para obviar as graves deficiências estruturais, vai proceder-se a um reforço dos pilares existentes com a colocação de pilares e vigas metálicas de apoio”. Esta solução, contudo, “para além de inestética e dispendiosa, não garante que a necessária estabilidade seja conseguida”, alega a Concelhia centrista.
Os vereadores populares estranharam “o facto da comissão de acompanhamento da Câmara não ter detectado, desde logo, estas deficiências, permitindo que a construção avançasse até uma fase em que a demolição traria custos elevadíssimos”.
José Silvano, porém, desvaloriza as críticas com alguma ironia. “Em vez de criticarem, os vereadores do CDS-PP até deviam dar um louvor à Câmara, porque se impôs a uma empresa privada que não estava a acompanhar os trabalhos da melhor maneira”, considera o autarca.
Apesar dos contratempos, o edil diz ter garantias do empreiteiro quanto à conclusão do Centro de Saúde dentro do prazo, ou seja, a 30 de Setembro deste ano.