25 clubes do Campeonato de Portugal contestam classificações e querem impugnar a prova

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Sex, 23/04/2021 - 21:51


Grupo Desportivo de Bragança, Vimioso, Vidago e Mondinense também assinaram o comunicado conjunto intitulado “O campeonato da mentira e o assalto da super distrital”.

Os quatro clubes transmontanos em risco de despromoção aos distritais integram o grupo dos 25 emblemas que, hoje, informaram em comunicado a pretensão de impugnar o Campeonato de Portugal, por considerarem que a prova é “uma mentira” e que será “assaltada pela super distrital”.

Os presidentes dos 25 clubes já fizeram saber que "vão encetar um conjunto de medidas de luta para defender os interesses dos seus clubes e a reposição da verdade desportiva", por considerarem "uma injustiça gritante" que pode conduzi-los à descida aos distritais.

"A Federação Portuguesa de Futebol no decurso da presente época desportiva, nomeadamente em 8 de janeiro de 2021, aditou ao regulamento do campeonato de Portugal o artigo 11º A, que veio permitir a meio da época, a desistência dos clubes nas seguintes condições: o clube que, encontrando-se a disputar a primeira volta da primeira fase da prova seja impedido de participar por imposição administrativa ou legal decretada por mais de 60 dias interruptos, relacionada coma emergência de saúde pública ocasionada pela doença Covid-19 pode desistir da mesma, considerando-se tal desistência justificada; O clube desistente perde os pontos conquistados, passando a constar na tabela classificativa, até final da competição com zero pontos; os resultados dos jogos disputados pelo clube desistente, não são considerados para efeitos de classificação dos restantes clubes; nos casos previstos no presente artigo fica excluída a responsabilidade disciplinar do clube desistente, designadamente a prevista no artigo 67º do Regulamento Disciplinar da Federação portuguesa de Futebol", lê-se no comunicado, considerando que tal "alteração ao Regulamento veio criar um fosso de injustiça que encobre de forma grave a verdade desportiva e a integridade da competição".

Os 25 presidentes acrescentam que se esta alteração não for repensada, "vai permitir a manutenção dos clubes desistentes, sem nunca terem jogado e cumprido as suas obrigações, designadamente as obrigações salariais e penalizar os clubes que disputaram e salvaram a competição, jogando todos os jogos, e cumprindo o respetivo calendário, à custa do seu esforço financeiro".

Quanto à subida de outros clubes ao CP, o documento refere que a "maior parte das competições distritais não se disputou, tendo mesmo algumas sido interrompidas em Janeiro", devido à pandemia, pelo que possa existir "uma nomeação ou sorteio de subidas sem terem 50% do campeonato distrital realizado, e sem provocar descidas nos mesmos, pervertendo a verdade e a justiça desportiva e financeira entre o Campeonato de Portugal e o Distrital".

Os 25 clubes que assinaram o documento vão agora interpelar a FPF e frisam que não estão “disponíveis para aceitarem aquelas alterações regulamentares e as consequências graves que as mesmas causarão aos clubes".

GD Bragança, Vimioso, Vidago, Mondinense, Pedras Rubras, Águeda, Coimbrões, Lourinhanense, Cerveira, Brito, Beira-Mar, Lusitano Vildemoinhos, Carapinheirense, Vila Cortez, Alcains, Mortágua, 1º Dezembro, U. Almeirim, Fabril Barreiro, Oriental de Lisboa, Olímpico Montijo, Belenenses SAD B, Lusitano de Évora SAD, Aljustrelense e Moura.

 

Leia o comunicado na íntegra:

O CAMPEONATO DA MENTIRA E O ASSALTO DA “SUPER DISTRITAL”

Por força dos efeitos conjugados da atual situação pandémica provocada pelo vírus SARS COV 2 e das alterações regulamentares implementadas pela Federação Portuguesa de Futebol, durante o decurso da presente época desportiva, nomeadamente com o aditamento do artigo 11º A ao Regulamento do Campeonato, veem-se na contingência de serem despromovidos aos Campeonatos Distritais.

Por tal facto, comunicam hoje oficialmente perante a imprensa que vão em conjunto encetar um conjunto de medidas de luta para defender os interesses dos seus clubes e a reposição da verdade desportiva.

Com estas medidas de luta pretendem evitar a homologação das respetivas classificações da forma atualmente prevista pela FPF.

A Federação Portuguesa de Futebol no decurso da presente época desportiva, nomeadamente em 8 de janeiro de 2021, aditou ao regulamento do campeonato de Portugal o artigo 11º A, que veio permitir a meio da época, a desistência dos clubes nas seguintes condições:

  • O clube que, encontrando-se a disputar a primeira volta da primeira fase da prova seja impedido de participar por imposição administrativa ou legal decretada por amais de 60 dias interruptos, relacionada coma emergência de saúde publica ocasionada pela doença COVID 19 pode desistir da mesma, considerando-se tal desistência justificada.
  • O Clube desistente perde os pontos conquistados, passando a constar na tabela classificativa, até final da competição com zero pontos.
  • Os resultados dos jogos disputados pelo clube desistente, não são considerados para efeitos de classificação dos restantes clubes.
  • Nos casos previstos no presente artigo fica excluída a responsabilidade disciplinar do clube desistente, designadamente a prevista no artigo 67º do Regulamento Disciplinar da Federação portuguesa de Futebol.

Ora, esta alteração ao Regulamento veio criar um fosso de injustiça que encobre de forma grave a verdade desportiva e a integridade da competição.

Esta alteração a não ser repensada, vai permitir clamorosamente a manutenção dos Clubes desistentes no Campeonato de Portugal, sem nunca terem jogado e cumprido as suas obrigações, designadamente as obrigações salariais e penalizar os Clubes que disputaram e salvaram o Campeonato e a competição, jogando todos os jogos, e cumprindo o respetivo calendário, à custa do seu esforço financeiro.

Na verdade, para além daquele esforço financeiro, os clubes que optaram estoicamente por permanecer na competição, em vez de desistir, viram-se por força daquela alteração somada às consequências do vírus SARS COV 2, a jogar muitas das vezes em condições extremamente difíceis para as suas condições logísticas, jogando muitas vezes 2 e 3 vezes por semana em horários muitas vezes incompatíveis com a disponibilidade dos seus atletas – a maioria deles amadores.

Estas condições colocaram grande parte dos clubes, nomeadamente os aqui subscritores num plano de desigualdade competitiva, que desvirtuou por completo a integridade da competição e a verdade desportiva, ou seja, quem permaneceu no campeonato correu o risco da descida e quem desistiu salvaguardou a sua manutenção.

Entendem por isso, os aqui subscritores que a manter-se a prerrogativa concedida pela Federação aos clubes desistentes, penalizará de forma grave os clubes que asseguraram a manutenção da competição e que agora se veem na contingência de baixar aos distritais, sendo por isso este o campeonato da mentira.

Por outro lado, vamos assistir, à subida de clubes provenientes dos respetivos distritais, sendo que a maior parte das competições distritais não se disputaram, porque foram interrompidas até janeiro, prevendo-se que apenas algumas delas terminem os seus campeonatos com meia dúzia de clubes e que as Associações de Futebol nomeiem ou sorteiem subidas sem terem 50% do campeonato Distrital realizado, e sem provocar descidas nos mesmos, pervertendo a verdade e a justiça desportiva e financeira entre o Campeonato de Portugal e o Distrital.

Assim, este grupo dos 25 uniu-se na defesa seus direitos e irá lutar até às últimas consequências pela reposição da verdade desportiva.

Para tal, irão interpelar a Federação Portuguesa de Futebol e todas as instituições desportivas e institucionais, manifestando a sua posição de não estarem disponíveis para aceitarem aquelas alterações regulamentares e as consequências graves que as mesmas causarão aos Clubes.

Em conjunto pretendem levar a cabo todas as medidas de luta para combater as situações de injustiça e falta de verdade desportiva causadas pelas alterações implementadas pela Federação ao Regulamento no decurso da presente época desportiva.

Pois entendem que a própria Federação, não salvaguardou a verdade desportiva nem protegeu os clubes que na presente época permitiram a continuidade do campeonato e a integridade da competição, à custa unicamente do seu esforço financeiro, protegendo e privilegiando antes pelo contrário os Clubes que optaram pela desistência.

Portugal, 23 de abril de 2021

O Grupo dos 25 – Campeonato da Mentira

 

 

Jornalista: 
SM