Políticos somos todos

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Ter, 25/07/2017 - 10:44


Virtude maior de qualquer cidadão é a participação cívica, visto que as sociedades humanas não existem nos caminhos paralelos em que, ausente a política, se consuma o poder da força bruta, que esmaga ou dilacera ao ritmo do instinto.

Mas, ao mesmo tempo que se celebra a cidadania, olha-se para os políticos como bombos de uma festa de escárnio e maldizer, como se assim se lavassem os pecados de cada um de nós, aliviando as consciências dos remorsos, moinhas que não nos desamparam a alma.

A experiência dos regimes democráticos modernos tem deixado lições que deveríamos acolher com serenidade, mas com proveito, para que não se desperdice um legado ético e moral, suporte da dignidade humana.

De outro modo estaremos a contribuir para que se multipliquem figuras miseráveis, indignas e selvagens a ocupar as ribaltas, enquanto as sociedades se desgastam em lutas insanas, gritarias histéricas e violências gratuitas.

Estamos, mais uma vez, a caminho de eleições, neste caso de responsáveis próximos, que podemos questionar, a quem podemos sugerir, que podemos criticar aberta e francamente, sem subterfúgios determinados por interesses menos claros.

Na relação política é importante a frontalidade, mas também a lealdade, que impõe o respeito pelos outros, para que não nos rendamos à intriga, à maledicência, à insinuação, que desmotivam as pessoas de bem e escancaram as portas aos verdadeiros oportunistas, corruptos e vigaristas, que espreitam a oportunidade de dar largas à sua cupidez, que não devemos tolerar. Não faltam exemplos recentes de como a demissão da cidadania nos vai levando à submissão e à indignidade, num sistema político que não podemos culpar pelas nossas tibiezas e omissões.

É verdade que o exercício democrático sempre foi um território povoado de riscos que, a qualquer descuido, nos pode precipitar em tragédias infindas. Então, é importante que saibamos separar o trigo do joio, não contribuindo para medir tudo pelo mesmo raseiro.

A substância da cidadania é um conjunto de direitos, mas também e principalmente de deveres. Não podemos continuar a sacudir a água do capote, erigindo os políticos que elegemos em cordeiros sacrificiais. Até porque muitas vezes merecem o nosso respeito e gratidão.

Precisamos é de escolher com suficiente cautela, sabendo de antemão que a incerteza é uma condição da política, mas que também há exemplos reconfortantes. Por estas terras temos conhecido gente dedicada, honesta, como mais ou menos rasgo, que deu contributos reconhecidos para a nossa vida política municipal e local.

Também é verdade que nos toma algum desânimo quando temos que reconhecer que nem sempre os melhores chegaram à liderança das comunidades e a região perdeu oportunidades, eventualmente irrepetíveis.

Mas, essas são contas de que não podemos arredar as responsabilidades de todos e de cada um.

 

Teófilo Vaz